Impulsionar o consumo da carne de coelho no mercado português tem sido o principal propósito da segunda campanha europeia de promoção e divulgação de carne de coelho dinamizada pela ASPOC – Associação Portuguesa de Cunicultura e que conta com o apoio da União Europeia.
Iniciada em 2021, a campanha “O Segredo da Dieta Mediterrânea” tem desenvolvido várias iniciativas junto do Canal HoReCa e do consumidor final de forma a aumentar o seu consumo, mas também junto dos produtores para incrementar a produção de carne de coelho, recordando que se trata de um dos produtos emblemáticos da dieta tradicional mediterrânea.
Ações na televisão, em meios digitais, presença em redes sociais (Instagram e Facebook) das quais a apresentadora de televisão, Fátima Lopes, tem sido a cara, como também ações com influencers e bloggers, roadshows em churrasqueiras, degustação em centros comerciais e participação em eventos especializados, como o Congresso dos Cozinheiros foram algumas das atividades desenvolvidas ao longo destes dois anos de campanha.
“Mostrar aos consumidores e potenciais consumidores que esta carne está enraizada na nossa história gastronómica, mas com foco em rejuvenescer o consumo, apresentando-a como uma solução gastronómica versátil e rica do ponto de vista nutricional” foi um dos principais propósitos, aponta António Fernandes, vice-presidente da ASPOC. Outro dos objetivos passou pelo estabelecimento de relações de proximidade com os setores da hotelaria (estudantes e profissionais) e da distribuição.
A entrar agora na sua última fase, em 2023, a campanha mantém o foco em duplicar o consumo de carne de coelho junto dos consumidores em Portugal, de uma para duas vezes por mês. “Sabemos que é um objetivo ambicioso, há um enorme trabalho de sensibilização e esclarecimento sobre a carne de coelho não só junto dos consumidores, como também junto do mercado”, atenta António Fernandes.
Contudo, dados recentes apontam que se tem verificado um abrandamento da diminuição de consumo de carne de coelho. “Pretendemos conseguir inverter essa tendência de diminuição do consumo e retornar aos valores que se verificavam antes de 2014, superiores a 1,00kg per capita”, acrescenta o líder da ASPOC.
Em termos de ocasiões de consumo de carne de coelho, de acordo com um estudo realizado pela Kantar em 2022 – “A Compra e o Consumo de Coelho em Portugal” -, esta aumentou cerca de 2,4% face ao ano de 2021, um indicador positivo que revela que a carne de coelho é cada vez mais atrativa e chegou a mais de 26 mil consumidores. Este estudo também conclui que a carne de coelho é cada vez mais considerada como um alimento saudável/nutritivo ao qual se recorre para refeições de momentos mais especiais.
O estudo constata ainda que 60,5% dos inquiridos afirma que prefere comprar alimentos que não prejudiquem o meio ambiente e 45,6% está disposto a pagar mais por alimentos sem aditivos e sem conservantes. Recorde-se que a carne de coelho, além de ser um alimento equilibrado, leve e de fácil confeção, é também de alto valor nutritivo, com uma produção que respeita a sustentabilidade ambiental e a vida rural.
António Fernandes relembra que o “coelho é das carnes branca mais sustentáveis no processo de produção, mesmo quando comparado com carne de frango e peru”, realçando a importância de comunicar este benefício do seu consumo junto daqueles que se preocupam com as suas escolhas alimentares.
No que refere à produção, Portugal é o 5º produtor europeu de carne de coelho, com uma produção total de 7262 toneladas (peso líquido) em 2021. A integração com Espanha (política de preços/comércio internacional/ programas de comercialização) faz da Península Ibérica o maior produtor da Europa.
Contudo, o vice-presidente da ASPOC considera que ainda existe um vasto caminho a percorrer. “Em termos de incremento da produção, há ainda muito que se pode fazer. Por um lado, em termos de reposicionamento do setor, tornando-o atrativo e interessante junto de jovens produtores. A produção de carne de coelho exige obviamente trabalho e dedicação, mas o coelho é um animal muito prolífico, com altas taxas de reprodução e de produtividade, não sendo de elevada dificuldade a implementação de um núcleo de produção”, fundamenta.
Nova fase
A começar já em 2023, a nova fase da campanha pretende desmistificar a ideia de que a carne de coelho está associada a pratos mais elaborados e menos versáteis, ou seja, relacionada com formas mais tradicionais de confeção. Para tal, além do conceito da Dieta Mediterrânea, um dos focos principais passa por ´demonstrar aos consumidores novos cortes de carne de coelho – coxas, lombos e meio coelho cortado – novas formas de apresentação desta carne, ajustadas ao dia-a-dia dos consumidores e que permitem mais rapidez na confeção de receitas simples e práticas.
Ainda neste âmbito está previsto o lançamento de um livro de receitas de Carne de Coelho, sob a coordenação do Chef Hélio Loureiro e conta com a participação de vários Chefs convidados de norte a sul do país, que apresentam diferentes visões e formas de preparação. “Acreditamos que se trata de uma iniciativa que irá gerar interesse e curiosidade junto dos leitores/amantes de gastronomia, uma vez que não há registo de existir um livro contemporâneo apenas com receitas de carne de coelho”, considera o Vice-presidente da ASPOC.
Fonte: ASPOC