A primeira estimativa das Contas Económicas da Agricultura para 2022 revelou que as exportações de produtos agrícolas, entre janeiro e outubro, aumentaram 30,5% face ao período homólogo. No entanto, as importações aumentaram a um ritmo superior, mais 32,2%.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), quando comparado com os outros tipos de produtos, as exportações aumentaram mais que o registado nas exportações dos restantes bens (+24,8%) e nas exportações totais (+25,2%).
As exportações de produtos agrícolas representaram, no período de janeiro a outubro de 2022, 5,9% das exportações nacionais, peso idêntico ao registado no conjunto do ano 2021.
O aumento nas exportações de produtos agrícolas no período de janeiro a outubro de 2022, resultou sobretudo do aumento das quantidades exportadas (+17,6%) e também do aumento dos preços implícitos (+11,0%).
Relativamente às importações, as importações de outros produtos e as importações totais tiveram acréscimos mais significativos (+36,0% e +35,7%, respetivamente) que os produtos agrícolas. As importações agrícolas representaram 7,8% das importações nacionais (-0,2% que no total de 2021).
No período de janeiro a outubro de 2022, o aumento das importações de produtos agrícolas (+32,2%) resultou maioritariamente de um efeito de preços (+27,6%), dado que as quantidades importadas aumentaram apenas 3,5%.
Produção vegetal e animal com ligeiros acréscimos
A produção vegetal deverá registar um ligeiro acréscimo nominal (+0,6%) de valor, resultante da diminuição em volume (-8%) e de um aumento dos preços de base (+9,4%).
Com exceção das frutas e do vinho, a generalidade dos produtos vegetais deverá registar crescimentos em valor. A produção de cereais deverá diminuir 12,9% em volume, destacando-se o acentuado decréscimo na cevada (-43,5%). A produção de milho apresentou uma redução de 10,7%. As estimativas apontam para uma redução da produção de arroz de cerca de 15%.
O baixo volume de produção cerealífera será mais do que compensado por uma forte subida de preços (+57,4%).
No caso das plantas forrageiras, deverá registar-se um decréscimo em volume (-10,5%), dada a escassez de precipitação, aliada à diminuição ou falta de adubação de cobertura. Para os vegetais e produtos hortícolas, prevê-se uma diminuição da produção em volume (-4,2%), refletindo um aumento das plantas e flores (+2,5%) e uma diminuição dos hortícolas frescos (-8,2%), sendo de destacar o decréscimo pronunciado no tomate para indústria (-15,0%). Os vegetais e produtos hortícolas apresentaram um acréscimo de preços de 14,2%.
Comparativamente a 2021, estima-se que a produção de batata tenha decrescido 17,3% em volume, em consequência das altas temperaturas, que causaram uma quebra da produtividade. Os preços deverão ter aumentado substancialmente (+40,2%).
No que respeita às frutícolas, as estimativas apontam para um decréscimo de 6,6% em volume, principalmente devido à menor produção de maçã (-20%), pera (-45%) e pêssego (-20%), fruto que registou uma das piores campanhas dos últimos anos. No sentido oposto, estima-se uma produção de cereja próxima da alcançada na campanha anterior, a mais produtiva dos últimos 49 anos. Os preços das frutas deverão diminuir 2,1%.
No setor vitivinícola, o volume deverá diminuir 15%. “As altas temperaturas e a falta de humidade em fases decisivas do ciclo vegetativo da vinha, prejudicaram significativamente a produção de uvas. No entanto, antevêem-se vinhos bem estruturados, equilibrados em álcool, acidez, açúcares e taninos”, explica o INE.
As estimativas para a produção de azeite no ano civil de 2022 (que abrange parte das campanhas 2020/2021 e 2021/2022), apontam para um decréscimo em volume (-9,1%), em consequência da diminuição da produção de azeitona da campanha em curso (2021/2022).
“Em resultado da seca extrema, o olival tradicional, apesar de ser uma cultura predominantemente de sequeiro, revelou dificuldades no desenvolvimento das frutas, originando a queda prematura da azeitona. Nos olivais intensivos, a colheita indicia quebras de produção menos acentuadas”, pode ler-se no documento.
No caso da produção animal, esta deverá registar um ligeiro decréscimo em volume (-0,1%) e um acentuado aumento dos preços de base (+23,0%), resultando num acréscimo nominal de 22,8%, para o qual contribuem fundamentalmente os bovinos (+15,4%), os suínos (+22,4%), os ovinos e caprinos (+9,8%), as aves (+29,4%) o leite (+22,5%) e os ovos (+66,3 %).
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.