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‘Ainda não podemos respirar de alívio’

Se em julho, o caudal do rio Tejo se atravessava a pé, as recentes chuvas reverteram a situações. Mas presidente da Zero diz que ‘há lições que temos de tirar’ para evitar novos constrangimentos de possível falta de água.

As fortes chuvas que se fizeram sentir nas últimas semanas deram algum aconchego às barragens um pouco por todo o país. E não só. Se o caudal do Tejo podia ser atravessado a pé, tal como o Nascer do SOL anunciou em julho, agora o cenário é bem diferente. Os especialistas contactados pelo nosso jornal garantem que ainda é cedo para afastar a ideia de que a seca acabou.

De acordo com Francisco Ferreira, presidente da associação ambientalista Zero, é preciso falar nesse assunto com precaução, referindo que «ainda temos de ver como isto tudo evolui». O responsável chamou ainda a atenção para o facto de atualmente haver barragens com problemas, ou seja, com níveis bastante abaixo do normal, como é o caso na região do Mira, do Sado e parte do Algarve, remetendo dados para a Agência Portuguesa do Ambiente.

O mais recente relatório da APA sobre a evolução da situação hidrológica, mostra dados que permitem respirar de alívio. Pelo menos por agora. Desde o dia 12 deste mês e devido à precipitação que aconteceu entre os dias 12 e 14, em 71 das 80 albufeiras monitorizadas pela APA, a reserva de água aumentou cerca de 785 hectómetros cúbicos (hm3), encontrando-se a 72% da capacidade total de armazenamento.

E essa recuperação das reservas de água aconteceu em praticamente todas as bacias hidrográficas a nível nacional, com a maior subida em percentagem a acontecer na bacia do Vouga (+20%), do Mondego (+14%) e do Tejo (+17%), Sotavento (+10%) e Guadiana (7%). Destaque ainda, desde o início de dezembro, para a albufeira de Alqueva que recuperou cerca de 350 hm3 e Castelo de Bode, cuja água abastece a área metropolitana de Lisboa (cuja captação é, em média, de cerca de 450 mil m3/dia), que recuperou cerca de 180 hm3.

Por altura desse relatório, das 71 albufeiras monitorizadas pela APA, 18 têm disponibilidades inferiores a 50% do volume total, sendo que dessas 14 têm disponibilidades inferiores a 40%. «A situação hidrológica da região do Algarve é neste momento a mais preocupante em termos de disponibilidades, em particular o Barlavento onde se destaca a Bravura e Odelouca, com níveis de recuperação muito reduzidos, em especial a Bravura que registou um armazenamento adicional de apenas 0,3 hm3 desde o início do ano hidrológico», destaca a APA.

Francisco Ferreira diz, no entanto, que é necessário ter em conta a diferença entre seca meteorológica e seca hidrológica. E se no segundo caso admite que podemos estar perante «uma situação mais confortável, tirando algumas regiões», já em relação à seca meteorológica o otimismo não é tão grande, uma vez que, está dependente do que irá acontecer nos próximos meses. «O que temos verificado é que na primavera, a chuva termina mais cedo, quando antigamente tínhamos bastantes chuvadas entre o verão e o outono e depois entre a primavera e o verão e agora cada vez menos se verifica».

E salienta: «É preciso ter aqui alguma atenção porque se neste momento não estou com seca hidrológica, nada me diz que a seca meteorológica não possa vir a ter lugar daqui a alguns meses. Temos de aproveitar esta altura que estamos a sair do período de seca para tomar as decisões certas em termos daquilo que é o curto e o longo prazo».

Também ao i, Patrícia Gomes do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) afirmou que «provavelmente já podemos afastar um pouco esse cenário de seca, mas tudo depende da evolução dos próximos tempos. Neste momento, até a região sul já está ligeiramente afastada desse cenário. Agora com a continuação […]

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