Um cargueiro com o primeiro lote de fertilizantes russos para África chegará ao porto moçambicano da Beira antes do final do ano, após ter sido obrigado a fazer uma escala técnica na África do Sul devido ao mau tempo.
Segundo as autoridades portuárias da cidade sul-africana de Port Elizabeth, o MV Greenwich teve que atracar devido a uma tempestade e, de facto, o período mínimo de permanência era de até sete dias, conforme noticiou a agência noticiosa russa TASS.
No entanto, as condições meteorológicas mudaram mais do que o esperado nas últimas horas e o cargueiro poderá retomar a sua marcha com vista a chegar ao porto da Beira, na baía de Sofala, no dia 31 de dezembro.
O MV Greenwich, de bandeira britânica, partiu de um porto da Nova Zelândia em 29 de novembro com o primeiro carregamento de fertilizantes russos programado para ser fornecido ao continente africano desde o início da guerra, nos últimos dias de fevereiro.
Logo que as 20 mil toneladas de fertilizantes da empresa russa Uralchem-Uralkali forem descarregadas no porto da Beira, a carga será transportada por via-férrea para o Malaui, país sem litoral a norte de Moçambique.
A Uralchem-Uralkali concordou em meados de novembro em exportar carregamentos humanitários de fertilizantes para o continente africano que foram bloqueados em armazéns na Bélgica, Países Baixos e Estónia como parte das sanções impostas à Rússia em resposta à guerra na Ucrânia.
Conforme anunciado pelas Nações Unidas, este primeiro carregamento de 20 mil toneladas de fertilizantes é transportado pelo MV Greenwich, um cargueiro fretado pelo Programa Alimentar Mundial (PAM).
O carregamento é o primeiro de uma série de fornecimentos de fertilizantes russos a países africanos que estavam bloqueados em portos europeus e que foram doados pela Uralchem-Uralkali.
No total, a doação é de 260 mil toneladas e, segundo o secretário-geral da ONU, António Guterres, vai ajudar a “aliviar as necessidades humanitárias e evitar uma perda catastrófica de colheitas em África, em plena época de sementeira”.
A iniciativa faz parte do acordo que a Ucrânia e a Rússia selaram em julho passado, com o apoio da Turquia e da ONU, e que também permitiu a retomada das exportações de cereais ucranianos pelo mar Negro.
Embora as sanções dos países ocidentais contra a Rússia não afetem alimentos e fertilizantes, segundo Moscovo, as suas exportações deste tipo de produtos foi praticamente paralisada devido a restrições de empresas de logística ou dificuldades em garantir os carregamentos.
A ONU alerta há meses para o perigo representado pelo forte aumento dos preços dos fertilizantes desde 2019, com um aumento de 250%, tornando-os inacessíveis para muitos agricultores de países em desenvolvimento.
Consequentemente, a ONU receia que as colheitas sejam prejudicadas e provoque uma grave crise alimentar, principalmente em África.