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Agronegócio deverá ser prioritário para Lula da Silva – especialista

O consultor de agronegócio Luciano Vacari disse à Lusa esperar que a administração de Lula da Silva dê prioridade ao setor e que dê continuidade às políticas públicas também feitas pelo seu antecessor, Jair Bolsonaro.

“O que a gente espera do próximo é que as políticas públicas continuem sendo efetivas para a atividade. Esse é o papel do Governo”, frisou à Lusa Luciano Vacari.

Questionado sobre o apoio que o ainda Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, tem neste setor, um ramo que o apoiou massivamente durante a campanha presidencial, o especialista lembrou que “o agro durante os quatro anos do Governo de Bolsonaro foi muito bem”.

“Bons anos de produção, bons anos de renda, as políticas públicas que o Governo desenvolveu para o setor foram de encontro com as necessidades”, disse, reforçando caber agora “ao Presidente Lula conciliar o Brasil”.

“Lula foi eleito por pouco mais da maioria dos brasileiros. Ele precisa mostrar para os que votaram nele que eles fizeram uma boa opção e ele precisa mostrar para os que não votaram nele que ele pode ser bom par o Brasil. A política é assim”.

Para o especialista, a importância do agronegócio no país, um dos celeiros do mundo e um dos maiores exportadores e produtores mundiais, excede em muito qualquer bandeira política. “Ele é importante para o Brasil, ele não é importante para um Governo”, sublinhou.

Este setor, que emprega 19 milhões de pessoas do gigante sul-americano, só no mês de novembro conseguiu exportar produtos no valor de 11,94 mil milhões de euros, superou pela primeira vez a barreira dos 10 mil milhões de euros no mês.

O recorde das exportações em novembro é resultado, segundo fontes oficiais do Ministério da Agricultura, do aumento do volume das exportações (+29,3%), mas, também, pelos preços médios de exportação (+16,9%).

Números estes que fazem com que Luciano Vacari tenha “certeza que o agronegócio deve ser prioridade para o próximo Governo”.

“Nós somos os maiores produtores mundiais de milho, soja, algodão e carne bovina. Somos os grandes exportadores de proteína do mundo”, lembrou.

Mais de 145,3 milhões de toneladas de grãos foram exportados nos primeiros 11 meses do ano, com um valor de 140 mi milhões de euros, um valor recorde para o período na série histórica desde 1997, segundo o Ministério da Agricultura.

Valores astronómicos fundamentais para o superávite comercial brasileiro, de acordo com o especialista. “Se não houvesse essas exportações a balança comercial seria deficitária”, garantiu.

“Independentemente do Governo, ou da linha de Governo, o agro tem de ser prioritário para qualquer Governo”, frisou.

Quanto ao relatório da equipa de transição da pasta montado por Lula da Silva, o especialista mostrou-se satisfeito com as “principais coisas citadas”, como as linhas de crédito, “fundamental para o agro”, não só para o grande exportador, mas também para pequeno produtor.

Contemplado ainda no relatório do grupo de transição está o reforço da assistência técnica rural, “um pilar do sistema produtivo”, a aposta nos produtos biológicos, a importância de infraestrutura, de energia elétrica e fontes de escoamento.

Resumindo: “acho que o material feito pela equipa de transição trouxe as dores e os remédios para o agro”, deixando boas garantias, considerou.

Por último, questionado sobre o facto de o Brasil ser um dos maiores produtores agrícolas do mundo, mas também ser um país onde mais de 30 milhões de pessoas passam fome, Luciano Vacari disse que isso deveria “envergonhar os governantes brasileiros, de todos os lados.

“Não é concebível que um país que produz tantos alimentos tenha tanta gente passando fome”, sublinhou, acrescentando que o problema está na distribuição de renda e no nível baixo de educação, especialmente nos grandes centros urbanos.

“Que a riqueza gerada pelo agro chegue efetivamente a todos os brasileiros, através da geração de emprego, qualificação profissional, distribuição de renda”, disse.

“O agro é a solução, não é o culpado, ele é quem gera a receita”, concluiu.


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