Comunidades intermunicipais (CIM), um ator sintagmático?! – António Covas

Um ator sintagmático é um ator que realiza um programa e territorializa um espaço determinado (Raffestin, 1993: 143). Ora, as Comunidades Intermunicipais (CIM) ao receberem atribuições e competências de cima, da administração central e regional, e de baixo, das associações de municípios e dos municípios, reúnem uma massa crítica de recursos e estão, digamos, obrigadas a realizar um programa e a territorializar um espaço determinado. Nesse sentido, a convergência de atribuições próprias e delegadas nas áreas da economia dos bens comuns e criativos, dos arranjos produtivos locais e gestão agrupada multiprodutos, pode rasgar um horizonte de possibilidades e dilatar a economia dos territórios, assim como, a qualidade de vida das populações mesmo em lugares remotos do interior. As Comunidades Intermunicipais (CIM) podem ser um excelente instrumento, um ator-rede para materializar esse desiderato. Seguem-se algumas reflexões a propósito desta linha de convergência entre bens comuns e criativos, arranjos produtivos locais e gestão agrupada multiprodutos.

O que têm em comum iniciativas tão diversas como os roteiros do património organizados pela empresa SPIRA, a Bienal Ibérica de Património Cultural organizada pela mesma empresa em parceria com outras entidades, os programas culturais da associação ARTEMREDE, a Bienal de Arte de Vila Nova de Cerveira, o Festival Terras Sem Sombra no Alentejo, os roteiros Experimenta-Paisagem de arte pública no Pinhal Interior, os inúmeros museus e centros de arte contemporânea abertos nos últimos anos por todo o país, os Festivais e os Roteiros Literários em vários concelhos do país, as Festas do Povo de Campo Maior e a Festa das Ruas Floridas do Redondo, a iniciativa Um Território a Descobrir – Montado de Sobro e Cortiça, os inúmeros trabalhos de reabilitação e restauro do património cultural, as denominações Unesco, as redes de cidades criativas e as capitais europeias da cultura, entre muitas outras manifestações?

Todas elas são sinais distintivos e elementos criativos de um território, todavia, a muitas delas falta intensidade-rede e conexão produtiva, visibilidade e projeção nacional e internacional, o músculo e a flexibilidade da governação multiníveis, mas, sobretudo, o pensamento e ação estratégicos capazes de utilizar esses recursos criativos para produzir valor especifico e marcas próprias e, a seguir, transferir e acrescentar esse valor e riqueza para os produtos, as fileiras económicas e os arranjos produtivos locais e regionais, recebendo em reciprocidade a colaboração, o patrocínio e o financiamento participativo dessas atividades económicas. Dou um exemplo simples a partir de uma realidade local

do interior: em que medida os extraordinários painéis coloridos do museu do azulejo de Estremoz, em conjunto com as artes de pedra mármore do concelho e os conhecidos bonecos artesanais de Estremoz podem ser projetados e incorporados como ícones e marcas territoriais nos produtos tradicionais da agricultura do Alto Alentejo e em novos arranjos produtivos […]

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