O fim do ICNF – mal-amado, agora quase acabado – Daniel Veríssimo

O ICNF talvez seja uma das piores entidades governamentais responsáveis pela conservação da natureza na Europa: é mal estruturada, tem pouca ou nenhuma visão estratégica e tem fracos resultados.

O ICNF (Instituto para a Conservação da Natureza e Florestas), apesar de ser pouco conhecido, desempenha um papel importante, é a entidade responsável pela preservação e restauro do mundo natural no país.

Se fosse uma entidade ao nível das melhores da Europa, seria motivo de orgulho nacional, o seu nome reconhecido pelo público e os sucessos seriam abertura de noticiários e capas de jornais. Mas o ICNF não é uma das melhores, talvez seja uma das piores entidades governamentais responsáveis pela conservação e restauro da natureza no continente europeu, é mal estruturada, tem pouca ou nenhuma visão estratégica e tem fracos resultados no terreno.

Um olhar atento revela nos últimos anos mais escândalos que resultados. O restauro das populações de lince ibérico (um grande sucesso) contrasta com incêndios nas áreas protegidas (ardeu a serra da Estrela e o parque da Arrábida no Verão passado). A condenação pelo tribunal europeu certifica a fraca qualidade do trabalho do ICNF na preservação de espécies e habitats.

A aposta em floresta biodiversa é traduzida em mais licenças para plantar eucaliptos, gestões florestais danosas (mata dos Medos, Lousã ou pinhal de Ovar) e gestão do “abandono”. Uma gestão de “proximidade”, fundamental para prevenir conflitos e garantir benefícios para as comunidades perto de zonas naturais, significa para o ICNF reuniões em palácios na capital e inexistência de diretores para as áreas protegidas.

É um exercício curioso ver as últimas declarações do secretário de Estado e olhar para o último despacho do Diário da República, um diz que a conservação da natureza fica no ICNF, outro diz que a transferência de funções é quase total para as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR).

Funções na gestão de áreas protegidas, no controlo de invasoras, na promoção do turismo de natureza, na elaboração de planos de gestão de áreas naturais, no apoio aos […]

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