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Como o retalho combate o desperdício alimentar

São desperdiçados mais de 931 milhões de toneladas de alimentos todos os anos. Descontos em produtos a aproximarem-se do fim da validade, doações a instituições de solidariedade social, adesão a plataformas como a Too Good To Go ou Phenix são iniciativas que as marcas levam a cabo para evitar deitar comida para o lixo. Mas ainda há muito a fazer.

Por ano, são desperdiçados cerca de 930 milhões de toneladas de alimentos. Um desperdício alimentar que é originado pelos agregados familiares, mas também pelos estabelecimentos de retalho e pela indústria de serviços alimentares.

Um problema que implica mais do que “apenas” deitar alimentos para o lixo. Há que contar igualmente com tudo o que implica a sua produção, distribuição, comercialização e confeção. Não é por acaso que a diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Ambiente, Índice de Desperdício Alimentar do PNUA, Inger Andersen, lembra que “se a perda de alimentos e o desperdício alimentar fossem um país, este seria a terceira maior fonte de emissões de gases com efeito de estufa”.

A par da sobrecarga dos sistemas de gestão de resíduos, o desperdício alimentar tem ainda consequências na segurança alimentar, na medida em que aumenta a insegurança. Razão pela qual Inger Andersen considera que contribui para as três crises planetárias: a mudança climática, a perda da natureza e da biodiversidade e a poluição e resíduos.

E é um problema que tem de ser “atacado” em todas as frentes. No caso do retalho, por exemplo, é certo que cada vez mais se veem nos supermercados produtos com um preço especial porque o seu prazo de validade se aproxima do fim. Por outro lado, também há um número crescente de negócios que está presente em plataformas, como a To Good To Go ou a Phenix , que permitem que os consumidores adquiram um cabaz de compras (com produtos em fim de validade) a um preço mais acessível. Será isto suficiente? Haverá alguma forma de diminuir o peso do desperdício alimentar?

Hoje, todas (ou quase todas) as marcas implementam medidas para diminuir o desperdício alimentar. Mesmo assim, e por muito cuidado que se tenha, é impossível evitar os números existentes. Então e que tal pôr a tecnologia a trabalhar para diminuir esses valores? Usar a inteligência artificial e o big data? Esta é a proposta da WhyWaste, uma startup brasileira com provas dadas no Brasil – num dos casos conseguiu reduzir o desperdício em 75% – que está agora a entrar em Portugal. Ricardo Salazar, country general manager da WhyWaste, explica que o objetivo da empresa é ajudar o retalho a monitorizar os produtos cujo prazo de validade se aproxima do fim e usar a inteligência artificial para apontar quais as ações que devem ser executadas nos produtos que o sistema identificou como tendo risco de vencimento.

Como funciona? Dentro do sortido de uma loja o sistema identifica o produto cujo prazo de validade se aproxima do fim. Depois, a inteligência artificial é usada para definir qual o preço que esse mesmo produto deve ter “para convencer o consumidor a comprar um item cujo prazo de validade termina em sete dias” e não outro com um prazo muito superior. “Usamos a inteligência artificial para identificar qual o preço que, por um lado, vai levar à compra, sem prejudicar a margem do retalhista, que já é muito reduzida”, explica Ricardo Salazar.

O sistema não precisa de ser muito sofisticado, esclarece o country general manager da WhyWaste, frisando que esta medida pode ajudar desde o pequeno retalhista – que tem apenas duas ou três lojas – a grandes cadeias com mais de 1.000 lojas. A única coisa essencial, acrescenta, é a fiabilidade do sistema de stock do cliente.

Apesar de já haver algumas conversações com parceiros […]

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