Pelo menos 17,8 milhões de toneladas de cereais e outros alimentos foram até agora exportados para 43 países através dos portos ucranianos do Mar Negro, anunciou hoje a Organização das Nações Unidas (ONU).
Os dados integram o mais recente balanço da Iniciativa de Cereais do Mar Negro (nome oficial do acordo de exportações de cereais pelos portos da Ucrânia) e dizem respeito ao período de agosto de 2022 até ao momento.
Em dezembro, as exportações ficaram em cerca 3,7 milhões de toneladas métricas, face aos 2,6 milhões transportados em novembro.
“Nas últimas duas semanas, quase 1,2 milhões de toneladas métricas de alimentos foram transportadas desses portos. No entanto, as condições climáticas desfavoráveis, tanto nos portos de Odessa, quanto nas áreas de inspeção turcas, restringiram alguns movimentos na última semana”, indicaram as Nações Unidas em comunicado.
Até ao momento, segundo o Centro de Coordenação Conjunta deste acordo, a China posicionou-se como o principal destinatário das exportações, a Espanha como segundo e a Turquia como o terceiro.
Quase 44% do trigo exportado foi enviado para países de baixos e médios rendimentos (64% para economias em desenvolvimento) e o Programa Mundial de Alimentos comprou 8% do total de trigo exportado ao abrigo da iniciativa, em apoio às suas operações humanitárias contra a fome em todo o mundo, acrescenta o comunicado.
No total, mais de 1.300 viagens foram habilitadas até agora pelo Centro de Coordenação Conjunta.
Atualmente, mais de 100 embarcações estão ligadas ao acordo e 32 aguardam em águas turcas por uma inspeção.
Desde novembro, o Centro de Coordenação Conjunta tem mobilizado diariamente três equipas de fiscalização. Contudo, nas últimas duas semanas, o tempo médio de espera das embarcações – entre o pedido e a vistoria – fixou-se em 21 dias.
“As Nações Unidas exortam todas as partes a trabalhar para remover os obstáculos a fim de reduzir o atraso e melhorar a eficiência operacional dentro do Centro de Coordenação Conjunta”, instou a Organização.
A Iniciativa pediu ainda a facilitação da navegação segura para exportação de fertilizantes, incluindo amoníaco, um ingrediente-chave na produção de fertilizantes e que é esperado com urgência no mercado para reduzir os preços desses produtos e torná-los mais acessíveis.
“As partes que negoceiam como abastecer o mercado de amoníaco através do oleoduto Togliatti/Yuznhy estão em negociações e ainda não chegaram a um acordo”, frisou a ONU.
O acordo, assinado a 22 de julho pela Ucrânia e pela Rússia, com o apoio da ONU e Turquia, visa abastecer os mercados mundiais com volumes de cereais, produtos alimentares e fertilizantes para ajudar a atenuar a crise alimentar global causada pela guerra.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas – 6,5 milhões de deslocados internos e quase oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 7.031 civis mortos e 11.327 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.