Secretaria de Estado da Agricultura ‘suspensa’. Governo diz que é só ‘a fotografia atual’

A secretaria de Estado da Agricultura acaba de ser suspensa, com a ministra a acumular funções. O Governo retirou da orgânica do executivo a menção relativa a esta secretaria de Estado, num documento publicado hoje (27 de janeiro) em Diário da República. Nele lê-se apenas: “A Ministra da Agricultura e da Alimentação é coadjuvada no exercício das suas funções pela Secretária de Estado das Pescas”.

A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) já veio condenar a decisão, afirmando ser uma “extinção” da secretaria de Estado e considera ser este “o último passo para o desaparecimento da agricultura como ministério”. Em reação, o secretário de Estado da Presidência, André Moz Caldas, afirma que “não há nenhuma decisão de extinguir o que quer que seja. Há uma fotografia da atual orgânica do governo”.

De acordo com o jornal Observador, o responsável acrescenta que a lei orgânica do Governo “limita-se a refletir a situação em cada momento e não condiciona” decisões futuras. André Moz Caldas afirma que a nomeação de um novo titular está em “ponderação.  A “reflexão encontra-se em curso, não há nenhum calendário [para a nomeação] nem nenhuma certeza quanto ao sentido que essa reflexão tomará”.

CAP fala em desnorte

A CAP, em comunicado, considera que “esta medida, mais uma vez, põe a descoberto o completo desnorte e a evidente incompetência que reina no Ministério da Agricultura, que não consegue colmatar a saída do anterior Secretário de Estado, Rui Martinho, e que falhou redondamente na escolha de Carla Alves para ocupar o lugar”. Na sua visão, é um “absoluto desrespeito do Governo e da Ministra para com os agricultores nacionais”.

“É absolutamente incompreensível como é que a Ministra da Agricultura anunciou ontem, com toda pompa e circunstância, após o Conselho de Ministros, o início da aplicação da nova PAC (como se de mais fundos se tratasse quando, na verdade, já era do conhecimento de todos o arranque do novo quadro comunitário), sem mencionar que, apesar da importância que tal assunto lhe parece merecer, afinal, irá prescindir da secretaria de Estado da Agricultura”, pode ler-se no comunicado.

PSD considera que mostra “dificuldade de recrutamento” no Governo

O presidente do PSD, Luís Montenegro, classificou a decisão como a “demonstração da desvalorização que o Governo português tem por este setor importante da nossa económica, cultura e identidade”. Para Luís Montenegro, também demonstra que “o primeiro-ministro tem uma dificuldade evidente de recrutamento de pessoal político de qualidade, dentro e, sobretudo, fora da sua esfera partidária”.

CDS afirma que “é caso para dizer que a agricultura vai à pesca”

Em reação à mudança da lei orgânica, o líder do CDS-PP, Nuno Melo, de acordo com a agência Lusa, afirmou que “é caso para dizer que a agricultura vai à pesca. Os agricultores portugueses mereciam muito melhor, os agricultores portugueses merecem uma explicação”.

APIC reage com ironia

A Associação Portuguesa dos Industriais de Carnes (APIC) afirma que “agricultura perdeu importância em Portugal, pois já nem precisa de secretaria de estado”. Em comunicado, a associação ironiza que “se face a tantas dificuldades em garantir a sustentabilidade económica, as empresas agrícolas, as empresas pecuárias e as agroindústrias estão cada vez a caminharem para a desaparição, então, não fará sentido o estado continua a despender recursos numa secretaria que deixará de ser útil! “Embora lá senhores governantes vamos acabar com a despesa publica!”, conclui o comunicado.

O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.


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