Eucalipto de Contige eleito como Árvore do Ano 2023 em Portugal

Classificada como Árvore de Interesse Público pelo ICNF – Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas desde 1964 (processo KNJ1/132) e considerada pela Universidade de Aveiro como “a maior árvore classificada de Portugal”, foi eleita Árvore do Ano, em janeiro de 2023. Falamos no Eucalipto de Contige, que representará Portugal no concurso European Tree of the Year.

O Eucalipto de Contige, localizado na freguesia de Sátão (Viseu), foi eleito como Árvore do Ano na sexta edição nacional do concurso, promovido em Portugal pela UNAC – União da Floresta Mediterrânica.

Com 10 árvores em renhida competição, este eucalipto arrecadou 3046 votos do público – mais 167 votos do que a segunda árvore mais votada, a Azinheira de Alportel (de São Brás de Alportel, Faro), e 183 do que Castanheiro Gigante de Guilhafonso (de Pêra do Moço, Guarda).

Nas posições seguintes ficaram:

– Oliveira Real, das Pedras d’El Rei, Tavira
– Plátano do Palácio da Anadia, de Mangualde, Viseu
– Oliveira dos Faraós, de Mouriscas, Abrantes
– Metrosídero ou Árvore-do-Fogo, de Mafra
– Oliveira Milenar, de Lagoa
– Oliveira de Casais de São Brás, de Santarém
– Carvalho de Calvos, da Póvoa de Lanhoso

O eucalipto de Contige irá, assim, representar Portugal no concurso europeu Tree of the Year, juntamente com as árvores notáveis que se destacaram nos vários países em competição. Da nova votação online, com início previsto para fevereiro de 2023, surgirá a Árvore Europeia do ano, que será apresentada em Bruxelas em data a anunciar.

Mas esta árvore já fez história ao trazer, pela primeira vez, uma representante do Eucalyptus globulus ao lugar cimeiro do pódio. Este exemplar, que se julga ter sido plantado em 1878, ostenta uma imponência própria das árvores consideradas monumentais, figurando até no livro Árvores monumentais de Portugal, de Ernesto Goes: com 46 metros de altura, um perímetro de tronco de 13 metros e uma copa de 34 metros (medidas recolhidas pelo ICNF em 2015), resiste altivamente a intervenções urbanísticas que a circundam e a colocam na encruzilhada entre a estrada municipal que liga Viseu ao centro da aldeia de Contige, ao quilómetro 73, à margem da antiga EN 229.

Acredita-se que o Eucalipto de Contige tenha sido plantado há cerca de 145 anos com o intuito de celebrar o nascimento da filha do então proprietário, Dr. Luís Xavier. Para quem convive com a árvore desde sempre, ela simboliza a história da região e da sua cultura, motivando até a alteração do traçado das estradas, que o contornam.

Recorde-se que o eucalipto chegou a Portugal na primeira metade do século XIX, como espécie ornamental, existindo ainda vários exemplares centenários da espécie Eucalyptus globulus a adornar espaços públicos, como jardins e átrios de igrejas. A sua madeira começou depois a ser usada na construção de travessas de caminhos-de-fero e nas estruturas de minas, com a área de plantação a aumentar em meados do século XX pela sua valorização como matéria-prima para a produção de pasta para papel. Hoje, madeira, casca e folhas dão lugar variados produtos de origem biológica, desde embalagens a óleo essencial, e a investigação mostra-nos que a lista de novas aplicações está longe de estar esgotada.

As vencedoras que representaram Portugal no concurso europeu

Portugal participa no concurso “Árvore Europeia do Ano” desde 2018, elegendo a representante portuguesa. Recordemos as cinco árvores anteriores que mereceram a escolha do público português:

– 2018 Sobreiro Assobiador, da aldeia de Águas de Moura, Palmela. Venceu em Portugal e ficou em primeiro lugar no concurso Europeu;
– 2019 Azinheira secular, de Mértola. Ficou em terceiro lugar no concurso europeu;
– 2020 Castanheiro de Vales. Conquistou o sexto lugar no concurso europeu, com 17 048 votos;
– 2021 Plátano do Rossio, Portalegre. Alcançou o quarto lugar, com 37 410 votos;
– 2022 Sobreira Grande, Vale do Pereiro. Ficou em terceiro lugar, com 70 563 votos.

Nota: foto do eucalipto de Contige cedida pela Câmara Municipal de Sátão.

O artigo foi publicado originalmente em Florestas.pt.


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