Abatidas 21 árvores e plantas no cemitério de Agramonte no Porto devido à xylella fastidiosa

A Câmara Municipal do Porto abateu, em outubro do ano passado, 21 espécies vegetais no cemitério de Agramonte depois de detetar “um exemplar arbóreo positivo” à xylella fastidiosa, foi hoje revelado.

Em resposta à agência Lusa, a Câmara do Porto confirmou que o abate de 21 espécies vegetais (árvores e plantas) ocorreu na sequência da deteção da xylella fastidiosa, uma bactéria transmitida pelo inseto ‘Philaenus spumarius’ (vulgarmente conhecido como cigarrinha-da-espuma), que se alimenta do xilema das plantas e cujo ciclo se inicia na primavera.

A bactéria afeta um elevado número de espécies de plantas ornamentais e também espécies de culturas como a oliveira, a amendoeira, a videira ou a figueira.

No cemitério de Agramonte foram abatidas 15 ‘Lagerstroemia speciosa’, uma ‘Magnolia soulangeana’, três ‘Euryops chrysanthemoides’, uma ‘Ilex aquifolium’ e um ‘Hibiscus syriacus’.

Segundo a autarquia, os serviços municipais vão proceder à replantação daquelas espécies “na próxima época de plantação”.

A Câmara do Porto salienta que tem colaborado com a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), realizando intervenções fitossanitárias no viveiro municipal e noutros espaços municipais, aplicando métodos e modelos de monitorização de possíveis insetos vetores, bem como delineando um processo de extensão à comunidade com informações que se relacionem com a atitude que todos devem tomar perante a sintomatologia e presença de sinais que possam corresponder ao inseto vetor.

Citado na resposta enviada à Lusa, o vice-presidente e vereador com o pelouro do Ambiente da Câmara do Porto, Filipe Araújo, salienta que a xylella fastidiosa é um “dos piores problemas que o país atravessa em termos de pragas”, apelando para uma “ação mais assertiva da DGAV e recursos que ajudem a encontrar uma solução para o problema”.

“Neste momento, a única solução apresentada aos municípios é o cumprimento das medidas adotadas para a zona infetada, o que representa a erradicação total das espécies apresentadas na lista de géneros e espécies vegetais detetados infetados”, refere.

Filipe Araújo salienta ainda que o município tem tentado “encontrar a melhor forma de preservar o património vegetal muito rico que a cidade tem, seja de jardins históricos e, como tal, a erradicação indiscriminada não a podemos aceitar”.

“Este é um problema que preocupa o Município do Porto e deve preocupar o Governo. É fundamental arranjar soluções especificas para preservar espaços verdes de centros urbanos”, acrescenta.

Em 18 de janeiro de 2019, Portugal informou oficialmente a Comissão Europeia da presença da bactéria ‘Xylella fastidiosa’ em plantas de lavanda no jardim de um ‘zoo’ em Vila Nova de Gaia, no Porto, conforme disse à Lusa, na altura, uma fonte comunitária.

A deteção em Gaia levou à criação da Zona Demarcada da Área Metropolitana do Porto, que atualmente inclui os concelhos do Porto, Matosinhos, Maia, Gondomar, Vila Nova de Gaia, Espinho, Santa Maria da Feira.

“No cumprimento da legislação vigente, os municípios são obrigados a levar a cabo medidas de erradicação, nas quais se inserem estes abates. Estas medidas passam por abater a espécie infetada, assim como todas as espécies vegetais na zona infetada, que se encontram na lista de géneros e espécies vegetais detetados infetados num raio de 50 metros do exemplar infetado”, acrescenta a autarquia, notando que a lista publicada pela DGAV conta com 77 géneros e espécies vegetais detetados infetados.


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