Falta de polinizadores causa 500 mil mortes por ano

Cancro da próstata causa o mesmo número de mortes, segundo estudo da Universidade de Harvard. “Fiquei surpreendido”, diz investigador. Em Portugal há mil espécies de insetos polinizadores.

Quase 500 mil mortes humanas por ano. É este o resultado da perda de animais polinizadores como abelhas, moscas e borboletas em todo o mundo, de acordo com um estudo conduzido por especialistas do Departamento de Saúde Ambiental da Universidade de Harvard, nos EUA. A falta de polinizadores faz com que uma quantidade de frutas, vegetais e frutos secos correspondente a entre 3 e 5% da produção mundial se perca, aumentando as mortes associadas à má alimentação.

Estes valores tornam os impactos na saúde humana da falta de polinizadores comparáveis a outros fatores de risco como consumo de substâncias, violência interpessoal ou cancro da próstata. “Fiquei surpreendido”, relata à SÁBADO Matthew R. Smith, cientista e autor principal do estudo publicado na revista Environmental Health Perspectives. “Somos mesmo capazes de compreender a escala do problema da polinização perdida quando o comparamos com riscos muito concretos e tangíveis que toda a gente sente.”

E perante o seu desaparecimento, há alternativa? “Vi tentativas de polinização manual, ou de distribuição artificial de pólen por máquinas. Ambas podem funcionar, mas exigem trabalho intensivo ou aumentam a dependência de tecnologia cara. Isto pode ser uma barreira nos países em desenvolvimento”, assinala Matthew R. Smith.

As abelhas – incluindo abelhas solitárias, abelhões, e abelhas europeias – são os polinizadores “dominantes”, explica Matthew R. Smith. Mas em 2015, uma análise revelou que “outros insetos, como as moscas, traças, borboletas, besouros e vespas, podem coletivamente fazer serviços de polinização ao mesmo nível das abelhas”. “Os insetos que não são abelhas são polinizadores menos eficazes por cada visita a uma flor (depositam menos pólen), mas fazem visitas com mais frequência”, adianta.

“Só em Portugal são conhecidas cerca de 700 espécies distintas de abelhas e de abelhões selvagens, para além de cerca de 300 outras espécies de insetos polinizadores, o que perfaz uma entomofauna polinizadora de cerca de mil espécies”, conta […]

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