A desvalorização da lã faz da tosquia um custo para os produtores mas recorrer aos uruguaios é necessário para garantir o bem-estar animal. O número de ovinos em Portugal ronda os 2,4 milhões.
Com a ascensão das fibras sintéticas nos anos 80 do século passado, a preços altamente competitivos, e a consequente desvalorização da lã virgem, a mão-de-obra especializada na tosquia de ovinos foi abandonando a profissão e hoje é difícil encontrar quem a queira abraçar. Mas com o ressurgimento da procura de lã da raça merino para satisfazer as necessidades de um nicho de mercado têxtil de luxo, que tem vindo a crescer, a Associação de Criadores de Ovinos do Sul (ACOS), sediada em Beja, teve de recorrer a profissionais oriundos do Uruguai para tosquiar ovelhas num território que vai além da região alentejana.
A opção pelos tosquiadores do Uruguai, país que tem uma importante produção ovina, reside no tipo de “serviço profissional que oferecem, baseado numa técnica australiana, que aproveita ao máximo a lã e garante o bem-estar animal”, explicou ao PÚBLICO Miguel Madeira, vice-presidente da ACOS e responsável pelo serviço de tosquia e lãs.
Na tosquia tradicional, o trabalho de maneio exige que as patas dos animais sejam amarradas, procedimento que origina ferimentos e que faz com que os bichos, por vezes, façam as suas necessidades devido ao stress a que são sujeitos. No método australiano, as patas das ovelhas ficam livres, são tosquiadas à medida que mudam de posição, o que faz com que lutem menos, sendo o esforço despendido pelos trabalhadores menor. Há uma economia no tempo de intervenção, já que o tosquiador fica com uma postura mais adequada à tarefa que executa.
Um profissional experiente pode tratar […]