Landfood: a bolota como futuro da indústria agroalimentar portuguesa
É no Alentejo, mais concretamente em Portalegre, que encontramos mais um dos vencedores da edição do Programa Promove de 2020-2021: o projecto LandFood. Tendo como promotor o Armazém da Bolota e como domínio temático a criação ou consolidação de novos pólos de especialização, a missão do projecto LandFood é valorizar a bolota como matéria-prima nutritiva e sem glúten para a indústria agroalimentar, contribuindo para assegurar a competitividade económica da floresta endémica alentejana. Pedro Babo, responsável pelo projecto, esclarece que “o apoio do Programa Promove foi essencial para o lançamento do LandFood, na medida em que nos possibilitou investir na implementação de acções e no estabelecimento de parcerias para o desenvolvimento com entidades do ensino superior da região”.
Produzida por carvalhos, sobreiros e azinheiras, que compõem cerca de 36% da nossa floresta, Pedro Babo explica que “a bolota é o fruto maior da nossa floresta endémica. É mais nutritiva dos que os cereais, e é rica em substâncias com propriedades nutraceuticas. Por exemplo é uma fonte de vitamina E, um potente antioxidante, e tem 5 vezes mais potássio em peso do que a banana. Contudo, há vários factores que têm confinado os produtos de bolota a mercados de nicho. Apenas a bolota de azinheira é naturalmente doce, e é a única que pode ser consumida directamente; o elevado custo dos produtos resultantes, como a farinha e sucedâneos de café de bolota, pelo facto de serem produzidos em pequena escala e de um modo artesanal; o ainda existente condicionalismo cultural, que associa a bolota à alimentação animal; a falta de consciencialização dos produtores florestais para o potencial deste recurso; e, por fim, a inexistência de uma cadeia de valor, que garanta a apanha, transporte e fornecimento de bolota em quantidade”.
Por isso mesmo, o projecto LandFood está a trabalhar numa cadeia de valor para comercialização da bolota e a estudar todas as potencialidades deste activo: “está a ser desenhada e implementada uma linha de processamento industrial, que irá permitir, por um lado, tornar a bolota de todas as origens comestível e, por outro, explorar soluções que se enquadrem num paradigma de bioeconomia circular para a valorização dos sub-produtos do processamento da bolota”.
Assim se prova que o Programa Promove está de facto a trazer projectos inovadores ao interior do país. A boa notícia é que a 5ª edição está em curso, e pode candidatar-se até ao próximo dia 7 de Fevereiro, às 23h59. As iniciativas apoiadas dividem-se […]