Portugal, mais uma vez, não ficou atrás e deu o pontapé de saída para o seu mercado voluntário de carbono, estabelecendo esta métrica como um proxy de entrada, que permitirá criar uma relação entre as empresas e o ambiente. Aliás, Portugal não tem ficado para trás em matéria de clima. Não esqueçamos que foi o primeiro país do mundo a reconhecer, em 1976, o direito a um ambiente saudável (sadio) e ecologicamente equilibrado na sua Constituição
Depois de tantos avisos e alertas, nomeadamente científicos, como os relatórios do IPCC, ou as contestações populares e as dezenas de cimeiras internacionais, parece que, finalmente, estamos a trilhar o caminho da mudança necessária para encontrar um modelo que transforme a relação da humanidade com os impactos provocados no sistema climático terrestre.
Esta mudança, apesar de tardia, advém não só da necessidade de acelerarmos para atingirmos as metas assumidas internacionalmente, como também da pressão das populações que vivem atemorizadas com as evidências climáticas, cada vez mais severas e frequentes, impactando territórios, transformando hábitos e fragilizando as próprias economias, principalmente as dos mais vulneráveis.
Inundados nos últimos tempos por diferentes formas de avaliar e medir o desempenho ambiental das organizações, é consensual a necessidade de estabelecer um conjunto de indicadores universais entre os vários países e regiões do mundo, que, a par dos indicadores económicos e demográficos, entre outros, nos deem a informação necessária para avaliar o impacto que a atividade antropogénica provoca no ambiente.
Neste capítulo, a União Europeia tem dado cartas e depois de ter aprovado a Taxonomia “Verde” com os seus atos delegados regulamentares das atividades sustentáveis, estabeleceu no final do ano passado, uma diretiva para os non-financial indicators, a começar por ser aplicada às maiores empresas. Depois de tanto greenwashing e de tanta subjetividade lançada para os olhos das pessoas e dos mercados, com os afamados ESG à lá carte, começa-se, de uma vez por todas, a caminhar para indicadores (kpi – key performance indicators) mais concretos, objetivos e credíveis, estabelecidos como os ESRS (European Sustainability Reporting Standards).
A referida diretiva CSRD (Corporate Sustainability Reporting Directive), ainda que longe de ser perfeita, coloca a quantificação das emissões de gases de efeito de estufa na equação, incluindo os objetivos de redução para 2030 e 2050, de forma a todos contribuírem para a meta de 1,5ºC do Acordo de Paris. Isto, para além de começar por uniformizar os relatórios das organizações empresariais. Ainda assim, não foi desta que se conseguiu publicar uma fórmula ou indicador na atividade económica, que permitisse avaliar a performance ambiental das organizações, como acontece quando damos números tão simples e concretos como o […]