O índice de preços dos alimentos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) já está 17,9% abaixo do seu pico máximo, registado em março de 2022 (depois da invasão russa à Ucrânia). Relativamente ao mês de dezembro, o índice desceu 0,8%, para os 131,2 pontos.
Segundo explicado pela FAO, a queda dos preços, em relação a março, é motivada em parte pelo acordo que desbloqueou a exportação dos cereais ucranianos.
Durante o mês de janeiro, os preços da carne e do açúcar registaram pequenos aumentos. Ao mesmo tempo, os preços do óleo vegetal desceram 2,9%, decorrentes da fraca procura global de importações de óleos de palma e de soja e de amplas disponibilidades de exportação de sementes de girassol e óleos de colza.
Os preços dos cereais mantiveram-se essencialmente inalterados desde dezembro. Concretamente no trigo, caíram pelo terceiro mês consecutivo, tendo descido 2,5%. Para tal contribuiu a Austrália e a Rússia ultrapassarem as expetativas de produção. Já os ligeiramente mais elevados do milho decorreram de uma forte procura de exportações do Brasil e preocupações com as condições secas na Argentina.
Os preços globais do arroz subiram 6,2%, quando comprados com dezembro, desencadeados por disponibilidades mais apertadas. Outros fatores incluíram uma forte procura local em alguns países exportadores asiáticos e movimentos cambiais.
O queijo tornou-se ligeiramente mais caro, apesar dos preços dos lacticínios terem sido 1,4% mais baixos do que em dezembro, causado por uma procura menor dos principais importadores e do aumento dos stocks provenientes da Nova Zelândia. Os movimentos cambiais impulsionaram o aumento dos preços, a par de uma recuperação das vendas a retalho na Europa Ocidental após o Ano Novo.
Novas previsões de produção para os cereais
A FAO espera que o comércio internacional de cereais no período 2022/23 desça 1,7% face ao nível recorde do ano anterior, para 474 milhões de toneladas.
As primeiras indicações apontam para expansões prováveis da área para a colheita de trigo de inverno no hemisfério norte. No entanto, os custos mais elevados podem afetar a quantidade de fertilizantes que pode ser aplicada às culturas, com implicações negativas para os rendimentos.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.