O coxo do sapo e o eucalipto – Paulo Talhadas dos Santos

Um dia, um director-geral das florestas recém-reformado disse publicamente algo como: andei tantos anos errado, sem saber o real impacto da eucaliptização. A comunicação social não pegou no assunto.

“Andei todos estes anos a ensinar mal aos meus alunos”. Esta expressão, ou melhor, confissão pública bem sentida, ouvi-a da boca de uma professora do ensino básico já com meio século de vida, e foi feita na discussão que se seguiu a propósito de uma palestra sobre a conservação de répteis e anfíbios.

O orador, antigo aluno meu, alertara a plateia, maioritariamente constituída por professores, para os problemas da conservação desses animais, dizendo que o principal problema estava dentro da cabeça das pessoas, e que derivava de preconceitos e ideias erradas. Relatou, entre outras, uma ideia comum em comunidades rurais: as grávidas não podiam tocar em sapos pois corriam o risco de dar à luz crianças defeituosas, problema conhecido em algumas regiões por “coxo do sapo”.

A ligação cultural é tão forte que, no dicionário da língua portuguesa, um dos significados da palavra “coxo” é “animal peçonhento”. Estas crenças eram responsáveis, e em certa medida são-no ainda hoje, por atitudes erradas de muitos cidadãos que, mal colocam a vista em cima de um […]

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