As leguminosas: passado, presente e futuro – Marta Wilton Vasconcelos

À medida que o Cristianismo se difundia, promovia-se uma dieta de grande frugalidade: simbólica e explicitamente contra a extravagância e a ganância.

As leguminosas são parte integral da dieta dos portugueses e são fontes preciosas de serviços de ecossistema. Os achados arqueológicos mostram que o primeiro consumo humano de leguminosas remonta a antes de 10.000 anos A.C..

Na era Neolítica, o cultivo de cereais veio primeiro, mas logo depois vieram as leguminosas. As civilizações mesopotâmicas e egípcias cresceram e alimentar-se de diversos tipos e variedades de leguminosas.

Nas tradições sírio-palestinianas e fenícias, os cereais eram combinados com leguminosas, e utilizados sob a forma de farinha, aproveitando-se ainda várias partes da planta (vagens, sementes, folhas) para consumo humano.

À medida que os sistemas alimentares se tornaram mais locais, foram-se criando hábitos e culturas gastronómicas, e a alimentação foi-se tornando um elemento distintivo da identidade de um povo. Fontes históricas relatam o costume entre os romanos de consumir leguminosas, uma polenta semilíquida feita com espelta, cevada ou feijão de fava; Apício, na coleção romana de receitas, De Re Culinaria, dedicou uma secção inteiramente às leguminosas, preparadas sumptuosamente, muitas vezes com condimentos raros e caros.

Os egípcios preparavam um guisado à base de fava, conhecido como ful ou ful medames. Hoje em dia, ainda é o pequeno-almoço preferido, disponível em mercados, bancas e restaurantes.

Nos últimos séculos do Império Romano, à […]

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