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Greve na SILOPOR volta a ameaçar abastecimento alimentar

Greve dos trabalhadores da SILOPOR volta a ameaçar o abastecimento de produtos alimentares essenciais a Portugal

Os trabalhadores da SILOPOR – Empresa de Silos Portuários, S.A. estão em greve à prestação de trabalho em horas extraordinárias até final de fevereiro. A situação afeta os setores da produção de pão, alimentos compostos para animais, suinicultura e avicultura. O facto de acontecer na sequência da greve dos trabalhadores das administrações portuárias agrava o acesso da fileira agroalimentar a matérias-primas essenciais para a produção de leite, pão, carne e ovos. As instituições representativas destes setores preconizam um novo aumento de preços e a rutura pontual do abastecimento destes produtos em alguns locais de venda.

As associações ACICO (Associação Nacional de Armazenistas, Comerciantes e Importadores de Cereais e Oleaginosas), APIM (Associação Portuguesa da Indústria de Moagem), IACA (Associação Portuguesa dos Industriais dos Alimentos Compostos para Animais), FEPASA (Federação Portuguesa das Associações Avícolas) e FPAS (Federação Portuguesa das Associações de Suinicultores) afirmam, ainda, que esta greve tem origem numa decisão da Ex- Secretária de Estado, Alexandra Reis, que colocou em vigor um Despacho que impede o aumento dos trabalhadores das empresas de capitais públicos em liquidação, situação em que se encontra a SILOPOR há mais de vinte anos. A revogação da medida em causa representa, segundo as associações, um impacto de, sensivelmente, 7.000 euros por mês.

A greve em curso desde o início do mês já está a provocar atrasos na descarga de grandes navios de cereais importados, dos quais Portugal depende em mais de 80% para o abastecimento da sua indústria para a alimentação humana e animal. O impacto para os importadores é de cerca de 50.000 euros por cada dia de atraso.

No porto da Trafaria, o único terminal do país preparado para a descarga e armazenagem das matérias-primas transportadas por grandes navios cerealíferos, os ritmos de descarga diários passaram de 11.000 toneladas por dia para 5.000 toneladas por dia. Esta situação tem o potencial de afetar a entrega de produtos básicos à população dado que, em condições regulares, a zona abastecida por este terminal compreende indústrias de alimentos compostos e pecuária que representam um consumo de, sensivelmente, 9.000 toneladas por dia em cereais forrageiros.

Além da potencial rutura no abastecimento e do previsível encarecimento dos produtos, a greve ameaça provocar prejuízos na ordem dos três milhões de euros aos operadores económicos devido aos atrasos na descarga e aos consequentes custos de sobreestadias de navios. «Estes custos inflacionados refletir-se-ão, necessariamente, ao longo da fileira, até ao consumidor final», afirma Jaime Piçarra, Secretário-Geral da IACA, associação representativa dos industriais de rações e um dos setores que volta a ser afetado por uma nova greve na atividade logística. Jaime Piçarra acrescenta «é mais um custo para os cidadãos a acrescer aos que já estamos todos a suportar por causa dos problemas das cadeias de abastecimento, da guerra na Ucrânia e da inflação descontrolada na zona euro.»

Fonte: IACA


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