Má nutrição custa a Timor-Leste 37,2 milhões de euros anuais e afeta progresso – ONU

Problemas de nutrição em Timor-Leste representam perdas anuais de mais de 40 milhões de dólares (37,2 milhões de euros), perpetuando um círculo vicioso que afeta o desenvolvimento nacional, disse a responsável da ONU em Díli.

“A insegurança alimentar e a fome existentes vão exacerbar ainda mais a má nutrição e a pobreza, perpetuando um círculo vicioso”, afirmou Funmi Balogun coordenadora residente da ONU em Timor-Leste.

“O agravar da má nutrição e da pobreza continuará a impedir o crescimento e o progresso da nação, com estimativas que sugerem que o país perde mais de 40 milhões de dólares [37,2 milhões de euros] só devido à má nutrição”, notou.

Balogun falava na apresentação de um estudo de Classificação Integrada da Segurança Alimentar (IPC, na sigla em inglês) que indica que 300 mil timorenses, 22% da população, enfrentam insegurança alimentar grave e requerem assistência urgente e mais de 13 mil estão numa situação de emergência que requer ação imediata.

“Estas populações enfrentam altos níveis de insegurança alimentar aguda. É necessária ação urgente”, refere-se no documento que defende “medidas urgentes para proteger os meios de subsistência, reduzir as lacunas de consumo alimentar e salvar vidas e meios de subsistência das pessoas que sofrem de crise ou insegurança alimentar de emergência (Fase 3 e 4 do IPC)”.

Em termos regionais, o estudo indica que 11 das 14 regiões do país estão na fase três, de crise, e três municípios na fase dois, de emergência.

Entre os principais fatores responsáveis pela situação atual, destacam-se “os elevados preços dos alimentos, a redução do poder de compra e os impactos persistentes da pandemia covid-19, bem como as inundações de 2021 e 2022”.

A coordenadora residente da ONU referiu que combater o problema obriga a soluções integradas, que envolvam vários parceiros, com medidas urgentes a curto prazo, mas igualmente soluções mais estruturantes, a médio e longo prazos.

“Quando falamos de um plano, falamos de uma solução abrangente, que olha para todos os setores, não apenas agricultura, por exemplo, e como têm impacto e interagem entre si. O que ocorre com a produção, importação de alimentos, se há políticas coerentes para lidar com tudo isso”, disse.

“Uma ação sistemática que identifica os problemas e as suas causas, que soluções a curto e médio prazos devem ser implementadas e que investimentos são necessários, quanto custa fazer isto e de onde virão os recursos para começar a atuar”, afirmou.

Funmi Balogun disse que o relatório mostra o “alarmante e continuado problema de insegurança alimentar”, evidenciando a necessidade de “ações urgentes e imediatas”.

“Uma fatia significativa da população, 22% da população, enfrenta insegurança critica ou severa. É imperativo fazer chegar já apoio a essas famílias que dele necessitam”, disse.

“Para quebrar este círculo de insegurança alimentar e má nutrição e garantir um futuro melhor para todos, temos que trabalhar em conjunto. E é imperativo que o Governo tome ações decisivas para lidar com a situação”, apontou.

Reiterando a disponibilidade da ONU para apoiar em todo o processo, Funmi Balogun considerou essencial identificar as famílias em situações mais carenciadas, garantindo apoio imediato.


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