Associações preocupadas com impacto da bactéria ‘Xylella fastidiosa’ nas culturas a Norte

Associações de produtores e agricultores da região Norte afirmam-se “preocupadas” com o impacto da ‘Xylella fastidiosa’ nas culturas e viveiros, e com a evolução da bactéria na região Norte, que conta com sete Zonas Demarcadas.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação dos Produtores em Proteção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro (APPITAD), Francisco Pavão, afirmou hoje que a evolução da bactéria na região Norte “é uma grande preocupação”.

“É preocupante a evolução desta bactéria”, assegurou.

Francisco Pavão, que é também diretor da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), sublinhou a importância de se criar uma ‘task force’, que reúna as associações de produtores, investigadores e o Ministério da Agricultura, para “tentar encontrar mecanismos de mitigação e localização” desta bactéria.

Destacando que os produtores “estão bastante preocupados”, Francisco Pavão alertou para a necessidade de estes serem indemnizados quando têm de abater e destruir as suas culturas ou viveiros devido à ‘Xylella fastidiosa’.

“É importante que os produtores sejam indemnizados”, salientou.

Defendendo um “maior controlo fitossanitário” das espécies vegetais, Francisco Pavão destacou também a necessidade de se abordar esta problemática “sem alarmismos”.

“Todo o setor está unido no esforço de mitigar os efeitos desta bactéria que é um problema não só da região Norte, mas de todo o país”, acrescentou.

Também à Lusa, o presidente da Associação de Agricultores do Nordeste Transmontano (AANT), Vitor Teixeira, defendeu a necessidade de uma “maior divulgação” pelo Ministério da Agricultura junto dos agricultores sobre a bactéria ‘Xylella fastidiosa’.

“Há pouca informação junto dos agricultores sobre esta bactéria. Vai-se ouvindo falar esporadicamente sobre o assunto, mas está muito pouco divulgado”, observou Vitor Teixeira, destacando a importância de saber os sintomas, meios de prevenção e como agir em casos suspeitos de infeção pela bactéria.

Vitor Teixeira, que teve conhecimento da bactéria através de um viveirista, destacou que os impactos da ‘Xylella fastidiosa’ podem vir a ser “graves” na região Norte, que concentra culturas suscetíveis a esta bactéria, como a vinha, oliveira e amendoeira.

“Neste momento é fundamental alertar os agricultores para este problema para que estejam atentos às suas culturas e aos sintomas provocados pela bactéria”, acrescentou, notando que na freguesia de Pegarinhos, no concelho de Alijó (distrito de Vila Real), “não houve qualquer informação” sobre a deteção do um foco e, consequentemente, implementação da Zona Demarcada a 19 de dezembro de 2022.

Classificada como “bactéria de quarentena” pela Organização Europeia para a Proteção das Plantas (EPPO), em Portugal, a ‘Xylella fastidiosa’ foi detetada, em janeiro de 2019, em plantas de lavanda num ‘zoo’ em Vila Nova de Gaia, distrito do Porto.

A sua deteção levou à definição da primeira zona demarcada do país – a Área Metropolitana do Porto (AMP) – e, desde então, a região Norte conta já com sete zonas demarcadas: AMP, Alijó, Baião, Bougado, Mirandela e Mirandela II, e Sabrosa.

Cientificamente classificada como uma bactéria grã-negativa que tem uma relação endofítica com a planta, a Xylella fastidiosa “vive dentro da planta”, mais concretamente, nos vasos xilémicos que transportam água e nutrientes das raízes para os caules e folhas.

A sua transmissão pode decorrer da atividade humana, através do transporte de plantas contaminadas, mas também de uma planta infetada para uma planta sã, através de insetos como a cigarrinha das espumas, que perfura o xilema da planta para extrair água e nutrientes.

Árvores, arbustos e plantas herbáceas – vulgares em espaços urbanos e rurais ou de “elevado valor económico” – podem ser hospedeiras desta bactéria, tais como a oliveira, videira, amendoeira, citrinos, sobreiro, acácia, nogueira, plátano, rosmaninho ou alecrim.


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