Um conjunto de 25 tratores agrícolas desfilaram hoje em marcha lenta pela Estrada Nacional 109, entre Válega, no concelho de Ovar, e Estarreja, para protestar contra o aumento dos custos de produção.
Com bandeiras da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), os atrelados de alguns tratores ostentavam mensagens reivindicativas, umas mais comuns como as que reclamam “melhores preços pagos à produção” e “por rendimentos dignos”, outras de protesto contra o aumento dos custos de produção, e, mais singular, em defesa da agricultura familiar, para que seja esta a abastecer as cantinas públicas.
“Defendemos que deve haver uma política que garanta um mínimo de produção nacional nos alimentos que são servidos nas cantinas dos hospitais, das escolas e lares, por exemplo”, explicou à Lusa o presidente da União de Agricultores e Baldios do Distrito de Aveiro (UABDA), Carlos Alves.
Com roteiro traçado para terminar no Mercado Municipal de Estarreja, a caravana de tratores agrícolas acabou por seguir até aos Paços do Concelho, por o largo do mercado estar ocupado com os preparativos carnavalescos, terminando com a entrega de um documento na Câmara Municipal, que sintetiza as reivindicações da União de Agricultores e Baldios do Distrito de Aveiro.
“Condição para escoamento da produção de leite, carne fruta e hortícolas a preços justos, através da criação de uma lei que proíba as vendas com prejuízo ao longo de toda a cadeia agro-alimentar, bem como a regulação e fiscalização da atividade da grande distribuição e controlo das importações desnecessárias”, são algumas das medidas reclamadas.
A UABDA pretende ainda que sejam fixados limites máximos nos preços dos fatores de produção “para travar a especulação e a escalada brutal do custo do gasóleo, eletricidade, fertilizantes, rações e maquinas”.
“A covid e a guerra na Ucrânia servem de desculpa ao aumento dos preços dos fatores e à especulação, nomeadamente nos adubos e fertilizantes, e na silagem para alimentar o gado”, comentou o dirigente associativo.
Ainda no que respeita aos combustíveis, a redução do preço do gasóleo agrícola foi insuficiente, segundo o presidente daquela associação, Carlos Alves, pelo que os agricultores defendem o aumento dos descontos em vigor para o gasóleo agrícola, e a concretização urgente do apoio aos custos com a eletricidade verde “que já deviam estar em vigor desde 01 de janeiro de 2022”.
Carlos Alves, em declarações à Lusa, juntou um apelo ao Governo para que reverta a extinção das direções regionais, “cujo acompanhamento técnico aos produtores devia ser reforçado para permitir o desenvolvimento das pequenas e médias explorações familiares”.