Por ano, são destruídos mais de dez milhões de hectares de floresta, algo que contribui “ainda mais” para a crise climática. No Verdes Hábitos desta semana, Susana Fonseca, da associação ambientalista Zero, explica que a prioridade deve ser “a transição para uma produção mais sustentável” e, tendo isso em conta, o regulamento europeu, que tem como objetivo a proibição da importação de produtos que causam a desflorestação, como o cacau, o café ou a soja, é “muito relevante e inovador em vários aspetos”.
Devido à desflorestação, entre 1990 e 2020, perderam-se 420 milhões de hectares de floresta no mundo, uma área que, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, equivale ao tamanho da União Europeia. Susana Fonseca, da associação ambientalista Zero, explica que as florestas são “ecossistemas muito importantes para diferentes valências no nosso dia a dia”, como a regulação climática, a produção do oxigénio e a medicina.
As florestas tropicais cobrem 2% da superfície da Terra, e, “infelizmente estão a reduzir em termos de espaço”. Abrigam cerca de 50% da biodiversidade terrestre, o que “demonstra como as florestas são uma riqueza que temos enquanto civilização e que devem ser preservadas”.
“Muitos dos produtos que usamos no dia a dia também acabam por vir destas florestas tropicais, como o café, cacau, especiarias, produtos farmacêuticos, frutas, vegetais”, refere Susana Fonseca, sublinhando ainda que as florestas “estão na linha da frente do combate as alterações climáticas, por meio da regulação da chuva e da temperatura, além das componentes de absorção e armazenamento de carbono”.
As florestas tropicais são também “zonas onde existem povos indígenas e muitas culturas diferentes da nossa e que temos de garantir que são preservadas”.
Expansão das terras agrícolas é o principal fator da desflorestação
Anualmente perdem-se cerca de dez milhões de hectares de floresta, “o que vem acentuar ainda mais os efeitos da crise climática”.
“O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas refere que só a desflorestação é responsável por cerca de 11% das emissões de gases com efeito de estufa a nível mundial. Se falarmos da destruição destas florestas tropicais, temos um impacto brutal em termos de perda da biodiversidade”, defende.
O principal fator de pressão sobre as florestas é a expansão das terras agrícolas, estimando-se que cause cerca de 90% da desflorestação. Mercadorias de comércio global como o gado, a madeira, o óleo de palma, a soja, o cacau, o café e a borracha são alguns produtos associados à desflorestação.
“O que se tem observado é que os acordos e leis até agora têm sido incapazes de travar esta situação da desflorestação. É uma perda enorme do ponto de vista do nosso equilíbrio global enquanto ecossistema”, sublinha Susana Fonseca.
As consequências da desflorestação têm “muito a ver” com vários produtos que usamos no dia a dia e “nem nos apercebemos”, diz a especialista.
“Uma das formas mais comuns pelas quais temos impacto na desflorestação é quando consumimos produtos animais, porque pensamos que não estamos a consumir carne que venha destas zonas de florestas tropicais e, portanto, não estamos a contribuir, o que não é verdade, porque grande parte das rações provém destes países e tem também esse impacto na desflorestação”, sustenta, […]