Os horticultores da Póvoa de Varzim, no distrito do Porto, notam uma “estabilização” no setor, depois das incertezas provocadas pela guerra na Ucrânia e dos ajustes feitos para adaptar a atividade à nova realidade após o aumento de custos.
“Temos um setor estável e adaptado às circunstâncias atuais. Tivemos aumento de custos, com energia e fatores de produção, mas tivemos de fazer refletir esses incrementos nos preços praticados. Neste momento, não sentimos quebra nos consumidores”, afirmou à Lusa Manuel Silva, presidente da Horpozim.
O dirigente desta associação empresarial hortícola, com mais cerca de 850 associados no litoral norte que fornecem uma considerável parte de produtos como alfaces, tomates, cebolas ou cenouras, consumidos no país e também para exportação, considerou que os piores receios sobre o impacto da Guerra no setor “não se vieram a confirmar”.
“No caso das vendas de hortícolas da nossa região, [a guerra] não teve impacto. Ao contrário, por exemplo, da fruta da zona oeste que tinha a Rússia com um dos destinos, para nós essa questão não se colocou, porque não fazíamos exportações para lá, e os restantes mercados não se ressentiram”, notou o líder da Horpozim.
Para estes produtores, o maior impacto sentiu-se no aumento de custos, que forçou o setor a encontrar alternativas e fazer ajustes nos preços.
“Nos fatores de produção, nomeadamente nos adubos e na energia, houve uma escalada de preços, mas, felizmente, passado este tempo, as coisas acabaram por estabilizar. O que havia para subir aconteceu e não tem havido mais especulação”, disse Manuel Silva.
O dirigente explicou, por exemplo, que no caso dos adubos e fertilizantes, que anteriormente vinham de países do norte da Europa, nomeadamente da Rússia, passaram a agora a ser importados da América do Sul.
“Pela questão da procura e oferta os preços desses produtos estabeleceram-se em alta, mas pelo menos houve uma estabilização. Tal como na energia, depois das medidas tomadas pelo governo”, afirmou.
Segundo Manuel Silva, a contribuir para a estabilização do setor hortícola “está também a retoma do setor turístico e de restauração depois dos anos de pandemia”, que absorve uma importante parte das produções destas explorações agrícolas.
“Ao contrário das incertezas do último ano, sentimos, agora, que as perspetivas não são más. Apesar da inflação e dos aumentos de custos, o consumo dos nossos produtos manteve-se. Há confiança no mercado e nos consumidores, e até a questão da seca foi amenizada com a chuva já se faz sentir”, concluiu o presidente da Horpozim.