O cabaz de alimentos essenciais está cada vez mais caro: custa hoje mais 45 euros do que há um ano. Os governadores dos bancos centrais europeus têm uma justificação para o aumento dos preços dos alimentos ser tão acentuado: a subida das margens de lucro dos supermercados. Há muito que Mário Centeno vem defendendo esta tese
Com a inflação existem consumidores que estão eles próprios a criar o seu registo da evolução dos preços. E a denunciar, por exemplo, junto da associação de defesa do consumidor DECO situações ilegais, como a existência de preços diferentes entre a prateleira e a caixa.
Nos contactos com a DECO, conta à CNN Portugal Ana Sofia Ferreira, coordenadora do gabinete de apoio ao consumidor desta organização, surge recorrentemente outra dúvida: porque estão os preços de certos bens alimentares a aumentar muito acima da inflação?
A resposta não é direta. Mas há uma teoria que, agora, recebe o reforço dos líderes do Banco Central Europeu: as subidas dos supermercados estão a ir muito além do real aumento dos custos de produção dos bens alimentares. Ou seja, para as margens. Quem fica a perder poder de compra é o consumidor.
Segundo um artigo desta quinta-feira da Reuters, esta tese foi trazida para um encontro de governadores de bancos centrais que decorreu no final de fevereiro na Finlândia, admitindo-se que a subida das margens de lucro das empresas é o fator que mais está a pesar no aumento dos preços dos alimentos. Uma posição que vem sendo vincada nos últimos meses pelo português Mário Centeno – que também esteve neste encontro.
Se as poupanças guardadas durante a pandemia permitiram às famílias responder ao impacto, elas começam agora a escassear. E o cenário promete agravar-se ainda mais, já que o Banco Central Europeu prepara novas subidas nas taxas de juro, no sentido de controlar a subida da inflação pela maior contenção na procura – com impacto, por exemplo, na subida do crédito à habitação.
Um estudo da Refinitiv, citado pela Reuters, dá conta de que as 106 empresas de bens de consumo da zona euro que foram alvo da análise registaram em 2021 uma margem operacional média de 10,7%. São mais 25% face a 2019, o último ano a não ser marcado pelos efeitos da pandemia e da guerra na Ucrânia.
Conselhos para si: use a calculadora
Quando vai ao supermercado nota que o dinheiro lhe dá cada vez para menos? Mas, se não estiver atento, arrisca-se a perder ainda mais poder de compra.
“Como os consumidores estão mais atentos, apercebem-se de situações como a diferença entre o preço afixado e aquele que é pago na caixa. É uma prática que não é admissível”, diz Ana Sofia Ferreira da DECO. Muitas vezes, as diferenças são de poucos cêntimos. Mas cêntimo a cêntimo se engrossa a conta.
Portanto: use a calculadora do seu telemóvel. À medida que vai colocando os produtos no carrinho, vá atualizando o saldo. Assim, ao chegar à caixa, […]