A ministra da Agricultura garantiu hoje, em Lisboa, ter consciência das dificuldades que o país e, em particular, os agricultores estão a passar, mas ressalvou que o impacto está associado a choques externos.
“Temos bem consciência das dificuldades que os portugueses estão a passar, assim como os nossos agricultores. O INE [Instituto Nacional de Estatística] prevê que o rendimento da atividade agrícola tenha um decréscimo acentuado de 12%”, afirmou a ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes, na comissão parlamentar de Agricultura e Pescas.
A governante explicou que esta evolução está ligada ao aumento dos custos de produção, mas notou que acontece depois de anos “muito positivos para a agricultura”.
Segundo os dados avançados pela titular da pasta da Agricultura, o valor acrescentado bruto (VAB) do setor cresceu, em média, 2,7% ao ano entre 2010 e 2021, destacando-se o período entre 2020 e 2021, com uma progressão de 9,4%.
No mesmo sentido, o rendimento da atividade agrícola cresceu, sensivelmente, 4,1% entre 2010 e 2021.
“Estamos, neste momento, como estávamos no início de 2021”, considerou, acrescentando que, em 2022, os três grandes impulsionadores dos preços dos fatores de produção resultaram de choques externos.
Em causa está a evolução dos mercados devido à guerra na Ucrânia, o impacto da covid-19, a seca e as pressões inflacionistas.
“O Governo quis implementar um conjunto de respostas de crise […] contribuindo para a contenção do impacto dos preços dos fatores de produção”, vincou, sublinhando que o aumento do preço pago pelo consumidor inclui também os efeitos da distribuição.
Na apresentação do requerimento, o deputado do PCP João Dias referiu que o grupo parlamentar tem vindo, sucessivamente, a alertar para a situação que o país atravessa, sobretudo o setor agroalimentar.
“Queremos falar das soluções para contrariar a perda da produtividade agrícola. Já não são só os agricultores a serem esmagados. Também as nossas famílias estão a ser esmagadas pelo preço dos produtos alimentares”, referiu.
Esta audição ficou ainda marcada pela estreia no parlamento do novo secretário de Estado da Agricultura, Gonçalo Rodrigues, que referiu estar disponível para dar respostas às questões da Assembleia da República e do país.
“Estamos juntos na defesa da agricultura e do país”, disse.
Gonçalo Rodrigues sucedeu a Carla Alves, que esteve no lugar pouco mais de 24 horas, como secretário de Estado da Agricultura.