Três cabazes para entender o aumento do preço dos alimentos em Portugal

O custo dos alimentos bate recordes desde 2022. Com o abrandamento da inflação dos últimos meses, o preço dos produtos alimentares tem ficado mais baixo ou continua a subir?

É a primeira vez neste milénio que os bens essenciais estão tão caros. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, o índice do preços no consumidor total está a descer há quatro meses, mas os mesmos dados do INE mostram que o preço dos produtos alimentares não transformados não segue essa tendência. Como é que estes números se refllfetem na vida das pessoas? A Renascença definiu três cabazes e fez as contas.

Fomos às compras. Pedimos emprestado um carrinho à família Campos, um agregado familiar constituído por três pessoas – casal e um filho adolescente – que vive em Almada. Por fim, olhamos para os cabazes de frutas e legumes que vêm diretamente de páginas do Instagram para casa.

Será que a inflação se manifestou de igual forma nas três maneiras de comprar alimentos de igual forma, mesmo quando os produtos não eram os mesmos nem vinham do mesmo sítio? E será que, neste ainda início de 2023, os alimentos estão efetivamente a ficar mais baratos?

O cabaz da Renascença

Cameçamos por um cabaz Renascença. Reunimos um conjunto de 33 alimentos, com base na proposta da Ordem dos Nutricionistas para a isenção do IVA em produtos alimentares essenciais. Este produtos são considerados fundamentais para uma alimentação saudável, segundo a roda dos alimentos.

Os produtos foram selecionados por preço mais baixo, com base numa seleção de marca branca, de produtos de origem nacional e a granel. O supermercado foi escolhido aleatoriamente e os dados formam recolhidos todas as semanas.

Desde novembro, foram 10 os produtos cujo preço não oscilou. O peito de frango, a maçã Gala de Alcobaça, os cacetinhos e a batata branca, por exemplo, mantiveram os preços.

Mas outros produtos tiveram oscilações constantes, como a dourada do mar, os medalhões de pescada, as ervilhas congeladas e o azeite. Os grandes aumentos dos preços levaram a promoções frequentes, o que torna o preço destes produtos imprevisível numa ida ao supermercado.

Dos 33 produtos, 10 aumentaram de preço, entre 21 de novembro e 8 de março. Os medalhões de pescada ultracongelados superaram todos os outros produtos, com um aumento global de 371% neste período. Em novembro, uma embalagem de um quilo custava 3,69 euros. A mesma embalagem aumentou para 17,39 euros a 8 de março.

De seguida, foram manteiga e o azeite que tiveram o maior aumento, de 76% e de 56% respetivamente. Isto coincide com os dados do INE que, entre janeiro de 2021 e dezembro de 2021, registaram que as gorduras e óleos foram a categorias de produtos alimentares cujo índice de preço no consumidor mais subiu.

No fim, 13 produtos ficaram mais baratos. A laranja, o alho seco e o atum natural tiveram quedas superiores a 60%. Contudo, como os preços têm oscilado tanto nos últimos meses, as descidas e as subidas não serão definitivas.

Como os produtos sobem e descem todas as semanas, o preço total do cabaz tem seguido a mesma tendência. Nenhum carrinho de compras custou o mesmo entre novembro e março, apesar de os produtos serem sempre os mesmos e nas mesmas quantidades.

Tendo em conta as oscilações, o aumento médio do custo dos produtos analisados foi de 11%, mas durante as primeiras quatro […]

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