Um mundo sem estes bichos, que nos habituámos a detestar, seria apocalítico, garante-nos Oliver Milman, o autor de A Crise dos Insetos. “Não conseguiríamos viver num mundo sem insetos”
Correspondente do The Guardian nos EUA e com uma longa carreira no ambiente, Oliver Milman publicou o ano passado o livro A Crise dos Insetos: a Queda dos Pequenos Impérios que Fazem o Mundo Girar (publicado em Portugal pela Bertrand) – um retrato desolador sobre o declínio destes animais. À VISÃO, o jornalista britânico descreve o colapso do mundo se os insetos desaparecessem.
Quão preocupados devemos estar com o declínio dos insetos?
Extremamente preocupados. E só agora começamos a perceber o alcance total desta crise. A maioria das pessoas está ciente do desaparecimento da floresta amazónica ou dos tigres, rinocerontes, elefantes e pandas. São criaturas carismáticas e dignas do nosso cuidado, tempo e esforço, claro. Mas podíamos perder esses animais que não sentiríamos grande impacto nas nossas vidas quotidianas. Mas a perda de insetos seria desastrosa, e já estamos a ver isso a acontecer. Por exemplo, no rendimento das colheitas, que diminui devido à falta de polinização. Há estudos que apontam para meio milhão de mortes por ano, devido à desnutrição, porque as pessoas não conseguem os alimentos certos. Para nós, humanos, a perda de insetos é mais grave do que a extinção de quaisquer outros animais. […]