Custo dos alimentos está a baixar, mas preços nos supermercados continuam altos. Porquê?

Não é só em Portugal: também nos Estados Unidos há queixas de preços demasiado caros. Análise da CNN Internacional explica o que se passa do lado de lá do Atlântico, o que também dá pistas para o que está a acontecer por cá: depois dos preços subirem, é difícil que desçam, até porque produtores, fabricantes e distribuidores aumentaram as suas margens e perceberam que os consumidores estavam dispostos a pagar preços mais elevados. Agora, não querem prescindir disso.

Porque é que os preços não estão a cair no supermercado? Quando os produtores de alimentos começaram a aumentar os preços há alguns anos, culparam o aumento dos seus próprios custos, incluindo preços mais elevados dos ingredientes. Mas os preços dos ingredientes têm estado em queda há meses, e as pessoas continuam a pagar mais pelos alimentos.

Em parte, isso acontece porque os produtores de alimentos têm outras despesas que continuam a ser caras, como mão-de-obra e transporte, em comparação com alguns anos atrás.

Mas os críticos e alguns especialistas dizem que os aumentos dos custos acabaram por dar aos produtores de alimentos cobertura para aumentar os preços acima do que esses aumentos indicavam, aumentando os lucros e corrigindo o que consideravam ser preços demasiado baixos dos anos anteriores.

E agora que viram que as pessoas estão dispostas a pagar mais, não têm pressa em abdicar dos lucros cobrando menos.

“Quando os custos mudam, especialmente quando os custos mudam de uma forma muito publicitada”, não é raro que as empresas aproveitem o momento para aumentar os preços, explica Jean-Pierre Dubé, professor de marketing da Booth School of Business da Universidade de Chicago. “As empresas olham para estas ocasiões como oportunidades, e não querem desperdiçá-las”.

Entre janeiro de 2022 e janeiro de 2023, as mercearias ficaram 11,3% mais caras nos EUA. [Em Portugal, os preços dos alimentos subiram 18,5% no mesmo período, segundo o INE, e 20% entre fevereiro de 2022 e fevereiro de 2023.] Muitas empresas alimentares preveem que podem vir a abrandar ou a fazer uma pausa nos aumentos de preços – mas não baixá-los.

De acordo com a unidade de pesquisa do Departamento de Agricultura dos EUA, o USDA, os preços dos produtos agrícolas estão em baixa após terem atingido o pico em maio passado. E a trajetória descendente continua: os preços do trigo, do café e do cacau caíram todos na última semana de fevereiro, de acordo com um relatório recente do Rabobank. […]

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