A Agricultura: Pilar Estratégico para o Futuro de Portugal

A agricultura portuguesa tem vindo a demonstrar, de forma cada vez mais clara, a sua importância estratégica para o país. Mais do que uma atividade económica, é um pilar essencial da coesão territorial, da sustentabilidade ambiental e da segurança alimentar. Em tempos de incerteza geopolítica, com o mundo em constante ebulição, e de crescente pressão sobre os recursos naturais, torna-se evidente que a agricultura não é um setor do passado – é um setor de futuro.

Portugal tem hoje uma agricultura moderna, inovadora e cada vez mais eficiente no uso da água, da energia e dos fatores de produção. Nos últimos anos, assistimos a um salto qualitativo notável em várias fileiras: hortofrutícolas, olivicultura, vinha e frutos secos são exemplos de sucesso que projetam a imagem do país no exterior e reforçam a sua balança comercial. Estas conquistas não são fruto do acaso, mas do investimento, da capacidade de adaptação, da resiliência e da visão de agricultores e de empresários que acreditam no valor do território.

Mas a agricultura é muito mais do que exportações e números. É o garante da ocupação do território e da vitalidade das comunidades rurais. Hoje, apenas 17% da população portuguesa vive em meio rural – um desequilíbrio que ameaça a sustentabilidade do país a longo prazo. A ausência de atividade agrícola conduz ao abandono, à perda de biodiversidade e à multiplicação dos fogos florestais. Manter agricultores em todo o território é, portanto, uma questão de coesão, soberania e de segurança nacional.

É igualmente importante reconhecer o papel ambiental da agricultura. A modernização tecnológica e a transição para práticas mais sustentáveis têm permitido reduzir consumos, valorizar resíduos, proteger solos, promover a biodiversidade e conservar ecossistemas. O agricultor de hoje é um gestor de recursos naturais, profundamente consciente do impacto das suas decisões. É também um agente ativo na mitigação das alterações climáticas, através do sequestro de carbono e da gestão equilibrada da paisagem.

Contudo, este setor continua a enfrentar desafios estruturais. A instabilidade das políticas públicas, europeias principalmente, mas também nacionais, a burocracia excessiva, a falta de mão de obra e a perceção social desajustada da realidade agrícola são obstáculos que é urgente ultrapassar. É necessário que a sociedade cada vez mais urbana, compreenda que a agricultura é um investimento estratégico e não um custo. Sem ela, não há alimentos, nem território, nem sustentabilidade.

A agricultura é, em última análise, um bem público. Valorizar quem produz, inovar na forma como produzimos e garantir condições justas a quem vive e trabalha no campo é garantir o futuro do país. Reconhecer a importância da agricultura não é apenas apoiar os agricultores – é afirmar uma visão de Portugal mais equilibrado, sustentável e competitivo!

Coordenador do Observatório da Agricultura da SEDES

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