O efeito das alterações climáticas na agricultura europeia ainda não é cem porcento consensual. Se por um lado, têm um impacto gigante, tendo já afetado negativamente o setor agrícola na Europa, por outro, estas podem também ter efeitos positivos devido às épocas de crescimento mais longas e a condições de cultivo mais adequadas. O que se prevê? Eventos climáticos extremos que põem em causa a forma de praticar agricultura na Europa.
Foi sobre este mote que a Agência Europeia do Ambiente elaborou o relatório sobre o efeito das alterações climáticas. Segundo o documento, existe uma panóplia de impactos causados pelas mudanças climáticas fora da Europa, sobretudo negativos, que podem afetar o preço, a quantidade e a qualidade dos produtos. A demanda por alimentos poderá exercer pressão sobre os preços nas próximas décadas, o que, consequentemente, afetará os padrões comerciais.
Importa por isso olhar para a estratégia da União Europeia em matéria da adaptação às alterações climáticas e a política agrícola comum – PAC. A nova política proposta para 2021-2027 tem como objetivo claro a palavra-chave: adaptação, o que poderá levar os estados membros da UE a aumentar o financiamento de medidas de adaptação no setor.
Desta forma, os estados membros definiram o setor agrícola como uma prioridade nas suas estratégias nacionais de adaptação e/ou em planos que tenham o mesmo propósito. As medidas ao nível nacional ou regional incluem objetivos de consciencialização, diminuição de impactos e riscos de eventos climáticos extremos, estratégias de partilha de riscos e desenvolvimento e, por fim, implementação de infraestruturas para irrigação e proteção contra inundações.
Existem oportunidades para implementar uma ampla variedade de medidas ao nível dos campos agrícolas que visam melhorar a gestão dos solos e da água, o que pode trazer benefícios para a adaptação, mitigação, meio ambiente e economia. Todavia, o contexto é primordial para que esta mudança aconteça. Não se pode solucionar um problema se não houver condições para tal, ou seja, factores como: situação económica, tamanho da terra agrícola, formação cultural e educação do agricultor, entre outros indicadores, que têm de ser vistos de forma objetiva, para que a sua implementação e adaptação seja também ela real.
As medidas de adaptação têm de parar de ser vistas e enquadradas apenas como requisitos adicionais para os agricultores. Pelo contrário, a sensibilização de que é urgente esta adaptação tem de ser vista o mais rápido possível para permitir que, a longo-prazo, a agricultura da Europa seja sustentável – produção e comercialização ambientalmente sustentáveis e mais resilientes às mudanças climáticas.
Estas soluções devem ser trabalhadas em equipa: investigadores, profissionais e agricultores em conjunto. Desta forma, o objetivo futuro será: investigar mais opções de produção, dadas as mudanças climáticas e condições ambientais de forma a direcionar os subsídios para uma produção mais adaptativa.