As Grow Workshops, dinamizadas em Portugal pelo Food4Sustainability CoLAB e pela BGI – Building Global Innovators, contam já com o segundo ano desta iniciativa que quer promover a capacitação e sensibilização gratuita, patrocinada pela maior rede Europeia de Inovação Alimentar, o EIT Food.
A edição deste ano focou os cinco pilares da agricultura regenerativa, com o objetivo de demonstrar e repensar as técnicas agrícolas, e explorar novas tecnologias que promovam simultaneamente o negócio e a qualidade do solo e dos alimentos. O tema base foi o papel da funcionalidade do solo enquanto base de uma agricultura de sucesso. Mais de 100 agricultores, estudantes e interessados juntaram-se às sessões educativas, com debate participativo e visita a explorações-modelo.
No dia 1 de julho, aconteceram na Quinta Dias nas Árvores, no Alentejo, com o tema Manter o Solo Sempre Coberto, uma prática que tem como objetivo a proteção do solo, a fim de reduzir ou até mesmo suprimir a sua erosão hídrica e eólica, reduzindo a consequente perda de matéria orgânica e de nutrientes, e promovendo a manutenção de humidade do solo e a proteção da sua biodiversidade e ciclos nutricionais. A segunda sessão deste ciclo, teve lugar no dia 8 de Julho na Vila Feliz Cidade, Golegã, e teve como base o tema Maximização da Diversificação de Espécies. Esta diversificação, quando bem conjugada, resulta numa cadeia alimentar mais diversificada e equilibrada, no auxílio entre espécies, na utilização de recursos, numa exploração do solo mais saudável e controlo de infestantes, doenças e pragas. No dia 15 de julho, na BioFrade, Lourinhã, abordou-se o tema Manutenção das Raízes Vivas no solo que tem como principal objetivo a proteção das funções do solo. As raízes, enquanto estrutura, agregam os solos protegendo contra os elementos, e reduzem a compactação, erosão e consequente degradação, para preservação da sua integridade física, química e biológica. De forma a reduzir a erosão e degradação do solo, a fim de manter a sua fertilidade e produtividade das cultura, foi abordado no dia 22 de Julho, na Quinta do Alecrim, Torres Novas, a Perturbação Mínima do Solo. Por ultimo, o tema Integração de Pecuária em Culturas de Rendimento (cash crops), foi abordado a 29 de Julho no Monte da Silveira Bio, Idanha a Nova, de modo a demonstrar os seus benefícios para o solo, a promoção da melhoria da sua estrutura, fertilidade e a diversidade e atividade microbiana do solo. Apresenta não só benefícios a nível do solo, como económicos, com redução das necessidades de mecanização e mão-de-obra, ao proceder-se ao controlo de infestantes, a manutenção de cobertos verdes, e o consumo de resíduos das culturas.
Todos estes pilares, quando aplicados em conjunto, conferem equilíbrio e resiliência ao sistema produtivo, resultando numa menor necessidade de insumos externos. Um solo saudável é vital para a existência humana, visto que 95% da produção de alimentos depende do solo, que ajuda ainda a prevenir inundações e a mitigar os efeitos da seca. Além disso, os solos do mundo contêm 2500 GT de carbono; quase 80% do carbono encontrado nos ecossistemas terrestres – mais de 3 vezes do que o carbono na atmosfera (800 GT) e mais de 4 vezes do armazenado em todas as plantas e animais vivos (560 GT). Apenas o oceano tem um stock maior de carbono.
Suécia, Áustria e França são os outros anfitriões deste programa. Na Suécia, a Universidade de Lunds acolhe os participantes no seu centro de demonstração universitário “Food Valley of Bjuv”. Em França a organização está entregue ao parceiro Vitagora, um cluster de inovação agroalimentar que liga um conjunto de empresas associadas a parceiros de inovação. Na Áustria, as sessões decorrem na Grand Farm, uma das explorações europeias mais reconhecida pelas suas práticas de agricultura regenerativa e tecnologia de vanguarda.
Os interessados podem consultar mais informações através do website da iniciativa.
Fonte: Food4Sustainability