A ameaça das espécies invasoras. E a app que ajuda a combatê-las

Para ajudar no combate às espécies invasoras, uma equipa de cientista ligada à Universidade de Coimbra criou uma plataforma de disseminação de conhecimento na qual o cidadão pode participar, através de uma aplicação para smartphone.

Há cerca de duas décadas, quando Elizabete Marchante iniciou o seu percurso na área da Biologia, praticamente não se ouvia falar de espécies invasoras. Em contexto académico, eram poucos os investigadores que se dedicavam ao tópico – uma realidade ainda mais marcada quando comparada com o contexto internacional –, ao grande público não chegavam “acções de divulgação que sensibilizassem” e a primeira legislação sobre a temática entrara em vigor poucos anos antes. Partindo de um mestrado no qual trabalhou “com solo” – componente que considera muitas vezes “esquecida” e à qual é dada “pouca importância” –, Elizabete achou que seria pertinente “explorar” as ditas plantas por entender que “elas teriam de estar a alterar alguma coisa nos ecossistemas”. De facto, estavam – e estão.

A inclusão de uma espécie arbórea invasora numa determinada área representa uma ameaça para a biodiversidade existente, já que, com o seu comportamento dominante, a espécie vai modificar as condições em que todas as outras plantas se desenvolvem – devido ao impacto nos ciclos de carbono, água e nutrientes –, assim como as ligações com os animais que se alimentavam delas, que as polinizavam, que disseminavam as sementes, etc. Segundo a investigadora do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra, tal acontece porque “os ecossistemas não são algo estanque, tudo está interligado e se mexermos numa peça vamos alterar o resto”. Em última análise, as repercussões da expansão das invasoras vão influenciar igualmente o curso das alterações climáticas.

O que define uma espécie exótica

Cientes de que o problema não é solucionável se “fechado na academia”, Elizabete e a sua equipa apostam no contacto com o público para difundir informação. Nestes momentos, o ponto de partida é a apresentação dos cinco critérios que fazem de uma planta uma “invasora”. “É exótica, ou seja, vem de outro território; foi introduzida pelo homem; reproduz-se pelos próprios meios; consegue afastar-se muito das áreas onde foi introduzida inicialmente – aumentando, muitas vezes, a densidade da população e a quantidade de indivíduos –; e promove graves alterações do ponto de vista ambiental, mas não só.”

Sobre a transferência e introdução de espécies no território nacional – o que faz delas “exóticas” –, esta poderá ter acontecido de forma acidental (sementes misturadas com outros produtos) ou intencional, servindo diferentes usos: ornamental, fixação de dunas, exploração económica. Ainda assim, é importante ressalvar que “no nosso dia-a-dia, dependemos de muitas espécies exóticas que não são invasoras: batatas, milho e muitas das fruteiras que temos, por exemplo”, esclarece Elizabete. A diferença está na capacidade de reprodução, já que, no caso das invasoras, a intervenção do homem não é necessária. Paralelamente, a manutenção de bancos de sementes vastos e viáveis durante

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