raça maronesa

A carne que vai buscar o que a montanha tem de melhor

São criadas ao ar livre e têm papel de relevo na prevenção de fogos. São sete raças autóctones unidas no projecto Carnes de Montanha. Aqui visitamos as Maronesa, Cachena, Jarmelista e Marinhoa.

Para comprovar o quão fácil é para os seus animais viverem no alto do monte, António Ferreira, mais conhecido por Toni, conduz-nos, na sua velha pick up, montanha acima. Por trilhos de terra batida e de pedra, vai-nos mostrando o baldio, de cerca de 600 hectares, onde tem os seus bovinos da raça maronesa. Estamos no lugar do Souto, freguesia de Telões, em Vila Pouca de Aguiar, município que integra, juntamente com Alijó, Mondim de Basto, Murça, Ribeira de Pena, Vila Real e, ainda, parte dos concelhos de Amarante, Boticas, Cabeceiras e Celorico de Basto, Chaves, Montalegre e Valpaços, a zona de produção da carne DOP (Denominação de Origem Protegida) que vai buscar o nome ao Marão.

Ali, os animais circulam livremente nos pastos, comem carqueja e urze, protegendo os terrenos dos incêndios. Um pouco como acontece com as outras seis raças autóctones portuguesas que fazem parte da marca Carnes da Montanha, nascida em plena pandemia para fazer chegar estas carnes de origem nacional ao consumidor. Cada uma com as suas próprias características e identidade, as raças barrosã, cachena, jarmelista, marinhoa, maronesa, minhota e mirandesa estão unidas por esse denominador comum: são produzidas na montanha, em plena natureza, sem “stress produtivo”.

“Não usamos, nem temos, estábulos. O efectivo anda na montanha o ano todo”, afiança António Ferreira, responsável, em conjunto com o pai, pela exploração Casal da Bouça, que já foi “vista como um exemplo a seguir” – a comprová-lo está o facto de integrar o projecto Life Maronesa – Mais Sustentabilidade, que visa a implementação de estratégias de adaptação às alterações climáticas através de um modelo sustentável de produção pecuária em modo extensivo (coordenado pela Associação Aguiar Floresta – Associação Florestal e Ambiental de Vila Pouca de Aguiar, engloba ainda a Associação de Criadores do Maronês e o Instituto Politécnico de Bragança).

A ideia, garante o jovem produtor de 32 anos, passa por continuar a melhorar a produção sem abdicar do bem-estar dos animais. É essa uma das condições essenciais para conseguir uma Maronesa DOP, conhecida por ser suculenta, de coloração avermelhada-escura e de aroma simples e delicado.

De Trás-os-Montes ao Alto Minho, a paisagem transfigura-se a olhos vistos – o mar de pedras vai sendo substituído pelo verde da vegetação -, mas o cenário que nos é dado a conhecer continua a ser marcado por altos relevos. Estamos acima dos 800 metros, naquele que é considerado o habitat natural da raça cachena, cuja denominação de origem se estende aos concelhos de Melgaço, Monção, Arcos de Valdevez, Ponte da Barca, Vila Verde e Terras de Bouro.

Na altura em que passámos pela exploração de António Cerqueira, situada “no coração da serra do Soajo”, os animais estavam quase todos fora, a passear pela montanha. “Entre pequenos e grandes, tenho entre 160 e 170 animais”, contabilizava, enquanto nos guiava pela exploração, acompanhado do seu sabujo do Soajo. “É uma raça daqui e era o cão que, antigamente, se oferecia ao rei”, declara, com orgulho.

Conseguimos avistar alguns dos seus bovinos, ao longe. Adaptam-se bem à serra, não obstante esta ser uma das raças mais pequenas do mundo (altura igual ou inferior […]

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