ação global imediata

“A ciência mostra que os próximos anos são críticos, o que exige uma ação global imediata e coletiva, agora”

Em entrevista ao Expresso, Hoesung Lee, presidente do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC), lembra que “qualquer atraso adicional na ação global concertada levará a que se perca uma janela breve de oportunidade para garantir um futuro habitável. É agora, ou nunca”. Este painel internacional de cientistas, que produz toda a evidência científica sobre alterações climáticas para a ONU, acaba de ganhar – ex-aequo com a IPBES – o Prémio Gulbenkian para a Humanidade 2022.

O Prémio Gulbenkian para a Humanidade 2022 atribuído ao IPCC representa o reconhecimento da ciência para combater as alterações climáticas. O que traz este prémio para esta luta urgente?

Sentimo-nos humildes e honrados por o IPCC ser um dos premiados. É um reconhecimento importante para a ciência das alterações climáticas e permite aumentar a sua visibilidade global. É também um sinal claro e um lembrete para os decisores políticos de que é necessária uma ação climática mais incisiva.

Como vê a atribuição em conjunto com o IPBES?

Acreditamos que o júri, liderado pela Dra. Angela Merkel, adotou uma abordagem sábia e visionária ao reconhecer a importante ligação entre as alterações climáticas e a biodiversidade. Alcançar o desenvolvimento sustentável requer uma compreensão clara da ligação entre os desafios climáticos e da biodiversidade.

Em entrevista ao Expresso em 2019, em Malta, o Professor Lee disse que “só se reduzirmos as emissões de gases com efeito de estufa seremos capazes de gerir adequadamente as consequências da crise climática” e que precisávamos de cortar dois milhões de toneladas de CO2 por ano a partir de 2020. Esse corte não aconteceu. Quanto temos que cortar agora?

A ciência é um campo dinâmico, avança rapidamente e somos todos testemunhas de novos conhecimentos adquiridos a cada semana, mês ou ano. O aquecimento global de 1,5°C e 2°C será excedido durante este século, a menos que no futuro próximo surjam de forma rápida e imediata reduções em larga escala nas emissões de gases de efeito estufa, especialmente de dióxido de carbono e metano. O nosso relatório sobre mitigação das alterações climáticas, divulgado em abril, mostra que as emissões globais de gases de efeito estufa projetadas para 2030, associadas à implementação das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), anunciadas antes da COP26, tornariam provável que o aquecimento excedesse 1,5°C durante o século XXI. Para limitá-lo a 1,5°C (com mais de 50% de probabilidade) teríamos que reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa em 43% em relação aos níveis de 2019, até 2030, e 84% dos níveis de 2019 até 2050.

Recentemente afirmou que “as avaliações do IPCC confirmam que as alterações climáticas estão a espalhar-se pelo mundo com rapidez e intensificação” e que “são uma ameaça ao nosso bem-estar e ao de todas as espécies e à saúde do planeta”. E que “qualquer atraso adicional na concertação a ação global levará à perda de uma janela de oportunidade para garantir um futuro habitável”. Já fechámos essa janela? Quais as consequências?

Hoje não estamos no caminho certo para limitar o aquecimento a 1,5°C. De fato, as emissões médias anuais de gases de efeito estufa de 2010 a 2019 foram as mais altas da história da humanidade. Os impactos e riscos das mudanças climáticas estão a tornar-se cada vez mais complexos e mais difíceis de gerir. Devemos enfatizar […]

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