A cochonilha de S. José, uma praga largamente disseminada em pomares de macieiras, causa o enfraquecimento e a decadência das árvores e a perda de valor comercial dos frutos atacados. No combate a esta praga, as medidas preventivas são fundamentais, bem como o contributo dos insetos auxiliares, de modo a se atingir a sua diminuição e manutenção de níveis que não causem prejuízos.
Cochonilha no tronco, ramo e fruto, respetivamente |
A cochonilha de S. José tem habitualmente três gerações anuais, uma das quais incompleta.
Na RAM, A primeira geração, devido às temperaturas amenas, tem início ao longo do mês de março, quando eclodem as larvas da 1.ª geração, seguindo-se as outras duas a partir de junho e ao até fim de outubro.
Medidas preventivas
Na instalação de pomares novos, devem de adotar compassos de plantação e sistemas de condução das árvores que permitam uma boa entrada de luz e a circulação do ar na copa, para o que contribui também a execução da poda. As adubações devem ser feitas de acordo com as necessidades da planta, pelo que é necessário proceder a análises do solo de forma periódica. A rega deve ser moderada, por exemplo, em sistema gota-a-gota.
Todas estas medidas visam evitar um excessivo vigor das árvores, que favorece a progressão das populações desta cochonilha.
É de capital importância, para o sucesso efetivo no combate a esta praga, efetuar os tratamentos de inverno (ver DICAs n.º 416/2020, de 04/02/2021).
Inimigos naturais da cochonilha de S. José
Entre os inimigos naturais da cochonilha de S. José, destaca-se um inseto parasitoide da família dos himenópteros (Prospaltella perniciosi) e os predadores coccinelídeos (joaninhas), importantes sobretudo pela sua ação combinada.
Este inseto auxiliar pode ser introduzido nos pomares, 1 milhão de indivíduos por hectare, acabando por se aclimatar e adaptar definitivamente. Para que isso aconteça, é necessário reduzir e adaptar cuidadosamente todos os tratamentos realizados no pomar, sobretudo os inseticidas. A manutenção do solo revestido por uma vegetação herbácea controlada, natural ou semeada (enrelvamento) favorece o aumento de populações de insetos auxiliares.
Tratamentos químicos
Os tratamentos com óleos minerais no fim do Inverno dão bons resultados. Ensaios recentes mostraram que algumas estirpes de Bacillus thuringiensis têm uma ação destrutiva importante sobre esta e outras cochonilhas. Podem também ser realizados tratamentos durante a vegetação com inseticidas de mais largo espetro de ação. Os tratamentos à 1.ª geração, dirigidos apenas às árvores ou às parcelas de pomar infestadas, costumam surtir resultados satisfatórios no controlo da praga.
Nos pomares infestados, o tratamento com um óleo de verão até à proximidade da rebentação pode reduzir a necessidade de tratamentos contra a 1.ª geração da cochonilha de S. José na primavera. Os óleos de verão têm também efeitos sobre os ovos hibernantes de afídios e de aranhiço vermelho.
A cochonilha de S. José também infesta as prunóideas (pessegueiro, cerejeira, ameixeira, damasqueiro). O procedimento a adotar nestas culturas é semelhante ao recomendado para as pomóideas.
A aplicação de óleo de verão é permitida no Modo de Produção Biológico (MPB).
Miguel Teixeira
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural
O artigo foi publicado originalmente em DICAs.