Em Portugal, a cultura da beterraba sacarina é produzida no Vale do Mondego, no Ribatejo e no Alentejo.
As condições edafo-climáticas do nosso País, permitem produzir beterraba em duas épocas distintas:
Outonal – Sementeira de Outubro a Dezembro – Colheita em Julho e Agosto;
Primaveril – Sementeiras de Fevereiro a Abril – Colheitas em Setembro e Outubro.
No Vale do Mondego só se produz beterraba primaveril.
A beterraba só deverá voltar ao mesmo terreno quatro anos depois.
Devem-se evitar solos mal drenados e pedregosos.
Solos ácidos devem ser correctamente corrigidos.
A cultura da beterraba sacarina é totalmente mecanizada.
A produção média de beterraba é cerca de 55 ton/ha (16ºS).
O custo médio da cultura é de 300 – 350 contos/ha.
Variedades / Sementeira
Na escolha das variedades, ter atenção à sua tipologia, que é definida da seguinte forma:
Tipo E – Beterrabas ricas em peso: plantas rústicas que originam um peso elevado, de raízes grandes, mas de teor de sacarose relativamente baixo.
Tipo Z – Beterrabas ricas em açúcar: plantas de raízes mais pequenas, que originam um peso relativamente baixo, mas cujo teor de sacarose é elevado.
Tipo N – Beterrabas medianamente ricas: plantas de aptidão intermédia entre E e Z.
A tipologia indicada por duas letras (EN, NZ, etc.), designa variedades de características intermédias aos tipos atrás indicados, sendo a primeira letra indicativa do tipo de que a variedade mais se aproxima.
Utilizar sempre variedades monogérmicas.
O número de plantas à colheita deverá ser cerca de 100.000 plantas/ha.
A distância entre linhas é de 50 cm.
A cama de sementeira deverá ser muito bem preparada.
Rega
A rega é dos factores culturais mais importantes.
A beterraba, nas nossas condições, necessita de 7.000 – 8.000 m3/ha de água.
Na cultura Outonal, uma boa parte destas necessidades são fornecidas pelas chuvas.
A primeira rega é fundamental para se obter uma boa produção, pelo que nunca deve ser atrasada.
A última rega, normalmente é efectuada 2-3 semanas (solos argilosos) ou 1 – 2 semanas (solos ligeiros) antes da colheita.
O método de rega mais adequado à cultura é o de aspersão. Podem, no entanto, serem utilizados outros sistemas, tais como por gravidade e gota-a-gota.
Infestantes
O controlo das infestantes é importantíssimo para o sucesso cultural. Para um correcto controlo de infestantes, é necessário conhecer a flora existente. Normalmente, efectua-se um tratamento de pré-emergência e três de pós-emergência. Em cada tratamento utiliza-se, em geral mais de um herbicida.
Adubação
Recomenda-se que se efectue a respectiva análise de terras para se proceder a uma correcta adubação.
Como orientação geral, indica-se os seguintes níveis de macroelementos :
Azoto – 130 a 200 unidades
Fósforo – 100 a 160 unidades
Potássio – 100 a 120 unidades
Cerca de 1/3 do azoto é aplicado em adubação de fundo e o restante em duas coberturas.
O magnésio e o boro são outros dois elementos muito importantes na beterraba sacarina. Por isso, recomenda-se utilizar em cobertura, adubos azotados com magnésio. Quanto ao boro, recomenda-se na quase generalidade dos solos, aplicar duas unidades deste microelemento.
Doenças
Em Portugal, as doenças mais comuns são o Oídio e a Cercosporiose, que se combatem preventivamente com fungicidas específicos.
Surgem, também, com certa frequência e importância económica os seguintes fungos do solo: Esclerócio e as podridões radiculares causadas pela Rizoctonia, Fuzarium, Phytopthora e Rhyzopus, cujo controlo se faz através de correctas práticas agronómicas.
Pragas
As principais pragas que surgem no nosso país são os Alfinetes e Nóctuas (solo), bem como os Afideos, a Cássida e a Pulguinha (folhas).
Os primeiros controlam-se previamente com insecticidas do solo, ou pela utilização de sementes tratadas com insecticidas. As restantes, são controladas com insecticidas quando as pragas começam a surgir.
Surgem ainda os Nemátodos, principalmente em solos arenosos, cujo controlo químico é difícil e caro.
Colheita
As máquinas de colheita de beterraba efectuam as seguintes operações: desfolha, descoroamento, e arranque.
Estas operações poderão ser efectuadas por uma só máquina ou por vários equipamentos. As beterrabas (raízes) são transportadas directamente do campo para a fábrica, através de camiões. Em Portugal, existem diversas empresas de serviços especializadas na colheita e transporte das beterrabas.
Preços
Beterraba – 9.747$43/ton com 16º de polarização.
Ajuda Nacional – 800$00/ton com 16º de polarização.
Polpa – 248$00/ton de beterraba líquida.
A DAI paga ainda um subsídio de transporte de acordo com a distância.
Pedro Noronha de Alarcão
(Engº Agrónomo)
Secretário Geral da
ANPROBE – Associação Nacional dos Produtores de Beterraba
Organizações com interesses na Beterraba
ANPROBE- Associação Nacional dos Produtores de Beterraba.
A anprobe representa os Produtores de beterraba produzida em Portugal Continental.
Foi constituída em Dezembro de 1993, e possui actualmente mais de 1.000 Associados.
A anprobe é associada da CIBE – Confederação Internacional dos Produtores de Beterraba e da CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal e é ainda sócia do COTR – Centro Operativo e Tecnologia do Regadio.
As principais actividades são:
Negociação do Acordo Interprofissional com a indústria transformadora;
Fiscalização do controlo de qualidade executado pela fábrica;
Estabelecimento com a Industria transformadora do Regulamento de Atribuição de Direitos, e seu acompanhamento;
Informação aos Produtores da sua produção e respectiva qualidade obtida;
Publicação de “o beterrabeiro”, boletim informativo com distribuição gratuita para todos os Produtores de beterraba, e todos os interessados pela cultura;
Reuniões com produtores;
Participação nas reuniões de trabalho da CIBE;
Participação nas reuniões do Comité Consultivo “Grandes Culturas Arvenses – Grupo Permanente do Açúcar” (COPA);
Site na Internet em http://www.anprobe.pt/
ANPROBE
Rua de Santa Margarida, n.º 1 – A
2000-114 Santarém
Portugal
Tel/fax – 243 327 502
e-mail anprobesat@netc.pt
DAI – Sociedade de Desenvolvimento Agro-Indutrial, SA
A DAI é a empresa transformadora da beterraba sacarina.
Foi constituída em Março de 1993, tendo actualmente a seguinte componente accionista: ARJ (Espanha) 52%, SFIR (Itália) 20%, FENACAM 18% e SUCRAL 10%.
A DAI possui uma moderna fábrica de produção de açúcar de beterraba em Coruche, com uma capacidade de transformação de 6.000 ton por dia, produzindo um total por ano de 70.000 ton de Açúcar branco, 30.000 ton de Polpa de beterraba (granulada e prensada) e 35.000 ton de Melaço.
O Departamento Agrícola da DAI possui 15 Técnicos que prestam assistência aos Produtores de beterraba.
A DAI tem um sub-produto, a Cal de Depuração, que pode ser fornecido gratuitamente aos agricultores para corrigirem a acidez dos solos.
DAI
Monte da Barca – Apartado 122
2104-909 Coruche
Portugal
Tel: 243 610 600 Fax: 243 610 602
ADEB – Associação para o Desenvolvimento e Experimentação da Beterraba
A ADEB á uma associação constituída, paritariamente, pela anprobe e pela DAI, com a finalidade de efectuar experimentação em beterraba sacarina.
Neste momento a ADEB tem ensaios de variedades, azoto e rega instalados no Ribatejo e no Alto e Baixo Alentejo.
ADEB
Casa do Canal
Monte da Barca
2104-999 CORUCHE
Portugal
CLUBE 80 TON “os Insatisfeitos”
O Clube 80 ton é constituído por todos os Produtores que obtiveram uma produção igual ou superior a 80 ton/ha de beterraba tipo (16ºS).
Tem por objectivo o reconhecimento do esforço dos produtores que atingem as maiores produções.
Actualmente, o Clube 80 ton possui 31 membros.