Atravessamos uma grave crise energética inicialmente provocada pelo aumento exponencial do consumo de gás natural após a reabertura da economia do período pandémico, ao mesmo tempo que em Portugal, numa “tempestade” perfeita, o encerramento da central de carvão e uma seca severa (que afectou a produção de energia hídrica) forçou o aumento gás natural para suprimir as necessidades elétricas.
O aumento do preço de gás teve igualmente forte impacto na produção de ração animal e de adubos custos acrescidos na produção. A falta de chuva terá também consequências com a falta de pastagens os criadores foram forçados a adiantar o consumo de forragens. A seca trará ainda no próximo ano consequências, já que as culturas não se desenvolveram não permitindo restituir as reservas necessárias.
Na fase seguinte da cadeia encontramos o sector das unidades de abate que passam por muitas dificuldades muito por culpa do aumento dos combusteis fósseis: o aumento do gás natural nesta fase causado pelo conflito no leste da Europa fez disparar os custos com a diminuição do consumo de gás natural da Rússia e consequentemente importação de gás natural liquefeito (GNL). Este combustível tem um forte impacto não somente na produção térmica, mas também na produção elétrica das unidades de abate.
A DESCARBONIZAÇÂO é fundamental em toda a linha do sector desde campo ao prato, diminuir a nossa dependência dos combustíveis fosseis é crucial para garantirmos maior controlo sob a gestão das nossas organizações. As Energias Renováveis estão a nossa disposição e, em muitos casos, podem garantir total independência dos hidrocarbonetos.
A viabilidade económica dos projectos não deve assentar em subsídios; estes devem ter viabilidade sem qualquer tipo de apoio e as renováveis provaram que são viáveis sem qualquer tipo de apoio. A somar a essa viabilidade juntou-se agora um conjunto de apoios com o PRR e o Portugal 20230 que contribuirão para forte alavancagem da descarbonização do setor da Carne.
Esta grave crise veio pôr a descoberto as nossas fragilidades, e é no sector energético, com a nossa dependência, que nos deparamos com os maiores desafios. Temos tecnologia de ponta, temos apoio financeiro e não podemos desperdiçar esta oportunidade.
A Sustentabilidade do sector passará pela eficiência energética e pela diminuição da dependência dos combustíveis fosseis. Estas medidas terão, a curto prazo, forte impacto nos consumidores que pretendem consumir bens e serviços de empresas que respeitam o Meio Ambiente.
Ao contrário do que algumas pessoas pensam, a fileira da carne tem dado nos últimos anos passos muito significativos que vão desde do bem estar animal ao rigoroso controlo sanitário. À parte destas boas práticas elementares temos que somar a descarbonização da fileira com a diminuição de GES. O sector da pecuária e da Agro-indústria podem dar um contributo muito importante para a dependência dos combustíveis fósseis. O Biogás e o Biometano são exemplo desse forte contributo que ambos os sectores da Fileira da carne podem dar ao país com a produção de biocombustíveis e, não menos importante, o forte impacto no Meio Ambiente.
Fonte: APIC