As tecnologias de informação estão a abrir uma nova era na gestão florestal, permitindo níveis de conhecimento com enorme precisão.
A gestão florestal sustentável implica o conhecimento sistematizado da floresta a intervir, os seus limites, o uso e ocupação do solo, as condições edafoclimáticas e a gestão a aplicar. No futuro próximo, só assim será possível planear os espaços florestais, definindo os locais mais propícios para as florestas de produção, objetivo prioritário para a sustentabilidade da floresta, mas relevando também a floresta de proteção e o seu potencial de introdução de biodiversidade.
Conhecer a floresta ao pormenor tornou-se um desafio para a humanidade, que hoje já dispõe de tecnologias de informação que fornecem respostas precisas, até ao milímetro, sobre o estado da floresta, em termos de caracterização, mas também da propensão de pragas e doenças, efeitos dos incêndios e até a qualidade da madeira.
“Dentro de 5 a 10 anos ninguém fará gestão florestal sem estas tecnologias de informação”, refere Margarida Silva, do Instituto RAIZ.
O RAIZ – Instituto de Investigação da Floresta e Papel, dispõe, desde 2016, de uma equipa que desenvolve a melhor base de informação de apoio ao planeamento e gestão na floresta, como conta Margarida Silva, gestora do projeto de I&D na Área da Biometria e Informação Florestal: “O que nós queremos é uma floresta de precisão. Por isso, monitorizamos áreas florestais e desenvolvemos ferramentas que permitem à Navigator melhorar os seus processos de decisão ao nível da gestão florestal. Assim, intervimos em três fases: no inventário dos recursos florestais – qual o seu estado, quantidade, volumetria, novas áreas para arborizar, materiais genéticos com maior produtividade, modelos de terreno e informação climática; depois na avaliação dos riscos, pois os povoamentos podem apresentar alguma vulnerabilidade, pragas, secas ou incêndios, e é preciso uma monitorização contínua, de forma a conduzi-los até ao corte sem problemas; e, finalmente, no conhecimento do valor das florestas, quanta madeira há para extrair, a logística desse processo, mas também garantir que os povoamentos continuam a produzir, para planear a replantação, reinstalar ou aproveitar a regeneração da floresta.”
O pormenor da deteção remota
Para este trabalho, a equipa do RAIZ utiliza diferentes tecnologias para obter uma digitalização completa da floresta, através da deteção remota com sensores, que permite ver de cima vastas áreas (imagens de satélite e LiDAR aéreo), mas também recolher dados de muito rigor em imagens laser terrestres (Terrestrial Laser Scanning), ao nível do tronco das árvores.
“As pragas e as doenças são os temas onde temos trabalhado mais e com resultados muito interessantes”, diz Margarida Silva, para concluir: “Dentro de 5 a 10 anos ninguém fará gestão florestal sem estas tecnologias de informação, drones e coletores de dados ligados a bases de dados que integram informação proveniente de diversas fontes. No futuro vamos ter uma central de megacomputadores a perceber tudo o que está a acontecer na floresta e de que forma podemos ser muito mais eficientes.”
O artigo foi publicado originalmente em Produtores Florestais.