Os montados são ecossistemas florestais de castanheiros, azinheiras, sobreiros ou carvalhos que cobrem grande parte do território continental português, sendo o montado alentejano composto por sobreiro e azinheira que são a sua imagem de marca. No entanto, estes ecossistemas não se cuidam sozinhos e é aí que a pecuária desenvolve uma importante função.
Esta paisagem idílica é mais de que um meio de subsistência para as pessoas desta terra, desempenhando importantes funções na conservação do solo, na qualidade da água, na produção de oxigénio e no sequestro de carbono.
Estes ecossistemas, existentes apenas no Mediterrâneo, são caracterizados por uma biodiversidade bastante rica e a importância da sua preservação é reconhecida a nível nacional e europeu devido à sua importância para a conservação da natureza.
Nos montados alentejanos existem mais de 120 espécies de aves, algumas delas em perigo de extinção como é o caso da cegonha-preta, da águia-de-bonelli ou da águia-imperial-ibérica.
O montado de sobro (Sobreiros) português é o mais extenso do mundo, o que faz com que Portugal produza 50% de toda a cortiça que existe no mundo.
Nos montados, Homem e Natureza vivem em harmonia. Enquanto o Homem extrai a cortiça, a bolota e usa as pastagens para gado, faz também a manutenção e limpeza do montado reduzindo o risco de incêndio e preservando o habitat de várias espécies como o texugo, o javali, a doninha, a raposa e até o lince ibérico.
No caso da pecuária extensiva, os montados servem de pastagem aos bovinos. Nos montados alentejanos, os bovinos podem seguir o seu instinto e imitar os percursos ancestrais das grandes manadas, o que contribui para o equilíbrio dos animais e para a preservação destes ecossistemas.
“Os bovinos do Monte do Pasto têm a sorte de poder usufruir destes montados como seu habitat, o que contribui para o seu bem-estar e equilíbrio natural ao mesmo tempo que mantém e respeita a sua rotina natural. O que os bovinos retiram destes ecossistemas é devolvido praticamente de imediato e quase na sua totalidade, através da disseminação de sementes e do contributo para a cobertura e permeabilidade do solo”, esclarece Pedro Horta, Engenheiro Zootécnico no Monte do Pasto.
Preservar os montados é um trabalho assumido pela agropecuária. Conhecedor presente da realidade biológica e ecológica destes ecossistemas, o Monte do Pasto não fica alheio a todos os seres e plantas que nele habitam, proporcionando os cuidados necessários para que o montado e as suas espécies permaneçam saudáveis.
Além da fauna, a diversidade da flora nos montados alentejanos permite a proliferação de várias espécies de plantas como é o caso da lavanda, do tomilho, do rosmaninho ou do alecrim e ainda diversas espécies de cogumelos, que estabelecem uma interessante relação simbiótica com as árvores existentes nos montados.
Contudo, esta riqueza natural também enfrenta os seus desafios devido à ocorrência de pragas e doenças nas árvores autóctones e à iminência de incêndios provocados pelas alterações climáticas, nesse sentido a agropecuária contribui para a sua preservação, controlando a organização territorial, proporcionando limpezas de mato e mantendo-se atenta a possíveis fontes de doença.
É importante destacar a importância dos montados que marcam grande parte da paisagem portuguesa e que oferecem à economia a única área onde Portugal é líder mundial, a cortiça. Além da cortiça, a simbiose entre a produção pecuária e o montado, permite a sustentabilidade das empresas, que geram empregos e que fixam pessoas em áreas rurais, combatendo a assim a desertificação.
A agropecuária é responsável pela preservação e manutenção destes montados e contribui para a preservação de todas as espécies vegetais e animais que se encontram neste ecossistema.