A Importância da Vitivinicultura do Alentejo – Joaquim Madeira

Caracterização da Região

As sub-regiões vitivinícolas do Alentejo situam-se na faixa “Ibero-Mediterrânica” onde as espécies arbóreas dominantes são o “Quercus ilex” (azinheira) a “Olea oleaster” (zambujeiro) e “Olea europeia” (oliveira); esta faixa corresponde à metade leste da província, onde a agricultura praticada se baseia na cultura de cereais, principalmente do trigo e na exploração agro-pecuária com dominância de ovinos, bovinos e porcinos.

A estrutura actual das explorações agrícolas mantém muitas das características que sempre definiram a agricultura extensiva de latifúndio praticada no Alentejo. De facto, a pobreza dos solos e as condições climatológicas não oferecem outras alternativas aos agricultores desta região.

De entre as culturas temporárias destacam-se os cereais que anualmente ocupam quase 17% da SAU do Alentejo e representam cerca de 44% da área ocupada pelos cereais no País.

No que respeita às áreas ocupadas com culturas permanentes, à excepção do olival que representa 40% do total nacional, não têm expressão significativa. Efectivamente a vinha no Alentejo é explorada em 3.140 explorações agrícolas, representando 12,5% do total das explorações da região e ocupa uma área de 16817 ha, a qual corresponde a 11,8% da área ocupada pelas culturas permanentes.

Em termos nacionais a cultura da vinha no Alentejo tem uma expressão muito reduzida; não vai além dos 7% da área vitícola Portuguesa e representa apenas 1,2% do número de explorações vitícolas nacionais. Estes dois últimos indicadores evidenciam que, no Alentejo, a área média de vinha por exploração é superior à média nacional. Aos 0,9 ha de vinha/exploração no continente correspondem 5,4 ha de vinha/ exploração no Alentejo.

No entanto, tendo em consideração a especificidade da cultura a qual está circunscrita a pequenas áreas geográficas bem definidas, a vitivinicultura no Alentejo é, em termos económicos, um sector da agricultura de primordial importância. Representa para a grande maioria dos cerca de 3000 viticultores do Alentejo a fonte principal de rendimento

A vitivinicultura Alentejana tem vindo progressivamente a desenvolver-se à volta das Cooperativas de tal modo que 95% dos viticultores são associados das Cooperativas representando um total de cerca de 80% da produção vitícola Alentejana.

Os 5% dos viticultores não associados das Cooperativas são na sua grande maioria produtores engarrafadores (vinificam e colocam no mercado a sua produção) e apenas 2% dos viticultores vendem a sua produção de uva aos produtores engarrafadores.

Dada a importância crescente da vitivinicultura na economia das explorações agrícolas Alentejanas e tendo em consideração que se trata de um sector renovado, no qual se tem investido significativamente nos últimos anos, constatamos que o sector está quase totalmente profissionalizado, isto é: os viticultores, os trabalhadores vitícolas, os responsáveis das adegas cooperativas e privadas e os trabalhadores das adegas, ou têm formação adequada para o trabalho que desenvolvem, ou possuem experiência e conhecimentos empíricos que sendo devidamente acompanhados cumprem as suas tarefas com eficácia.
Organizações do Sector

A fileira vitivinícola Alentejana dispõe de duas associações de carácter profissional e interprofissional que lhe garantem o apoio nos diversos aspectos da produção e respectivo controlo de qualidade.

A Associação Técnica dos Viticultores do Alentejo – ATEVA, é uma associação de direito privado, inteiramente dependente dos seus associados e foi criada para prestar apoio técnico aos viticultores Alentejanos nos mais diversos aspectos de implantação e condução da vinha, tendo como objectivo final, contribuir para a orientação dos viticultores no que respeita à implantação de encepamentos correctos, sobretudo no que se refere à escolha das castas a implantar e distribuição adequada pelos solos vitícolas e metodologias de condução vitícola de modo a que se possam produzir massas vínicas de excelente qualidade.

Além da assistência técnica já referida, a ATEVA também desenvolve a sua acção nas áreas de formação profissional, na implementação de programas de investigação cientifica sobre viticultura e na defesa de todos os interesses económicos e sociais dos viticultores. Dado o excelente trabalho desenvolvido por esta instituição através dos anos, actualmente, a maioria dos viticultores são seus associados.

A Comissão Vitivinícola Regional Alentejana – CVRA, é uma Associação Interprofissional na qual estão representados todos os interesses da fileira. De facto, tanto o Conselho Geral como a Comissão Executiva são integrados paritariamente por representantes da produção e do comércio, sendo presididas por um representante do Estado.

Os objectivos principais da CVRA são entre outros, a certificação das vinhas tendo em vista a produção de uvas aptas à produção de vinhos DOC, através da execução do cadastro vitícola; a certificação de vinhos DOC, efectuando para tal, o exame analítico em laboratório próprio e o exame organoléptico através da sua câmara de provadores e a promoção e a divulgação dos produtos vínicos com D. O. Alentejo.

Tanto a ATEVA como a CVRA, para cumprirem as tarefas que lhe são atribuídas estatutariamente, têm desenvolvido através dos anos, um trabalho de cooperação tendo em vista um maior aproveitamento dos recursos disponíveis podendo-se afirmar que esta situação tem sido altamente favorável para o sector vitivinícola Alentejano.

Joaquim Madeira
Presidente da CVRA – Comissão Vitivinícola Regional do Alentejo


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