Na atual campanha de 2021, têm sido observados ataques significativos de lagarta na folha da figueira, pelo que se alerta sobre duas lagartas que atacam a cultura da figueira, a lagarta da folha da figueira (Choreutis nemorana) e a broca dos ramos figueira (Azochis gripusalis), para que os produtores estejam atentos aos seus pomares e possam tomar as medidas de controlo mais adequadas.
A lagarta da folha da figueira (Choreutis nemorana) já foi detetada na Região, observando-se, inclusive, ataques significativos na atual campanha, faz-se, em seguida, uma breve descrição da mesma.
O adulto de C. nemorana tem uma envergadura de até 20 mm, caracterizada por apresentar asas castanho-avermelhadas (fig. 1).
A lagarta chega a 20 mm de comprimento, apresenta cor amarelo-esverdeado pálido, uma cabeça amarela com pontos pretos na parte superior, sendo a principal responsável pelos danos causados (fig. 2).
As lagartas alimentam-se das folhas das figueiras (Ficus carica), nas quais causam danos muito importantes, apenas deixando as nervuras mais duras, deixando-as parecida a uma espécie de rendilhado (fig. 3).
O seu comportamento consiste em manter-se na parte central superior da folha, onde constrói um abrigo de seda branca para pupar (fig. 4). Tecem uma teia, no interior da qual forma um casulo, completando o ciclo, descendo na primavera/verão até ao solo por um fio de seda, emergindo posteriormente no estado adulto.
Geralmente, tem duas gerações por ano. A primeira geração surge em finais de maio, na parte terminal dos lançamentos do ano, nas folhas mais jovens.
Controlo
É prudente conhecer a biologia das referidas espécies e seus habitats para que, em caso de hipotéticos ataques severos, sejam tomadas as devidas medidas de proteção.
Não existindo produtos fitofarmacêuticos homologados, poder-se-á intervir culturalmente, retirando as folhas que apresentem sinais da praga, queimando-as ou enterrando-as a uma profundidade superior a meio metro.
O adulto é uma pequena borboleta, medindo cerca de 30 mm de envergadura (fig. 5).
A postura dos ovos é realizada sobre os ramos ou na base do pecíolo das folhas, geralmente de outubro a fevereiro, podendo se estender até abril. Dos ovos eclodem pequenas lagartas que se alimentam, no início, da casca tenra dos ramos, passando para a parte lenhosa dos ramos, restringindo seu ataque à medula (fig. 6).
Os excrementos são inicialmente expelidos pelo orifício de entrada da galeria e vão obstruir a galeria depois, protegendo a broca de humidade e de seus inimigos naturais.
Danos
À medida que a broca penetra no ramo, as folhas vão murchando e os frutos vão atrofiando e secando, podendo comprometer totalmente a produção.
Controlo
Deve ser feito de forma integrada, associando-se os métodos:
Culturais
- Poda rigorosa dos ramos e queima posterior;
Físicos
- Com o emprego de armadilhas luminosas providas de lâmpadas fluorescentes ultravioletas, que exercem controle em uma área de, aproximadamente, 7 hectares para cada armadilha;
Químicos
- Pulverizações quinzenais com deltametrina ou abamectina a partir da época da postura da praga.
Miguel Teixeira
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural
Divisão de Assistência Técnica Agronómica
O artigo foi publicado originalmente em DICAs.