Com o decorrer do confinamento obrigatório, consequente da pandemia de COVID-19, verificou-se uma nova vaga de pessoas que intensificaram, reativaram/reutilizaram ou até pela primeira vez começaram a cultivar as suas hortas e campos. Seja para usufruírem de uma atividade em que se possam distrair e dedicar tempo, seja por motivos alimentares e nutricionais houve uma corrida às cooperativas agrícolas e assistiu-se a um aumento exponencial na compra de sementes de várias espécies agrícolas e hortícolas.
Para se retirar o melhor proveito possível destes terrenos é preciso saber quando e como semear assim como quando e como colher as culturas, é preciso ter noções geológicas e mineralógicas do terreno, ter ideia de como a agricultura atual responde às sucessivas e bruscas variações climáticas, ter presente conceitos de combate a pragas, saber manusear os equipamentos e máquinas agrícolas, entre outras competências. É crucial realizar estas tarefas da forma mais sustentável, económica e menos poluente possível priorizando sempre a preservação ambiental e a saúde humana.
Estamos, então, perante a necessidade de formar estes novos agricultores. Através de ações conjuntas entre as Instâncias governamentais (Ministério da Agricultura) e as Instâncias locais (Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia) poderia ser criada uma “rede” de ações de formação e sessões de esclarecimento pelo país inteiro. Esta rede seria totalmente vantajosa para todos os seus intervenientes pois ofereceria mais oportunidades de contacto e trabalho a peritos na área, como agricultores profissionais e engenheiros agrónomos, e sua interação com outras áreas da ciência (como a meteorologia, biologia e geologia) ao mesmo tempo que os novos agricultores ao serem ensinados por estes especialistas iriam adquirir fortes bases teóricas e práticas para executarem o seu trabalho e aproveitarem ao máximo as especificidades dos seus terrenos.
Estas formações iriam fomentar a união das comunidades, o estreitar de laços e principalmente contribuir para uma aprendizagem elevada para quem se quer iniciar na Agricultura e assim o poder fazer da forma mais eficaz possível a nível ecológico, ambiental, nutricional e economicamente rentável.
Que as práticas seculares realizadas pelos nossos avós, bisavós, e todos os nossos antepassados não fiquem esquecidas com o passar do tempo. Que as tradições continuem a passar para as gerações mais novas e que cada vez mais haja uma forte aposta na agricultura possibilitando uma maior dinâmica de pesquisas, permitindo assim a sua constante adaptação e sobretudo evolução.
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Figura 1 – Terreno agrícola semi-abandonado, Vila Verde (Braga) -
Figura 2 – Terreno agrícola semi-abandonado, Vila Verde (Braga)
Quando se junta a vontade de saber com a vontade de trabalhar temos as ferramentas necessárias para o sucesso. Saber gera saber, trabalho gera trabalho, e o conhecimento é um dos pilares fundamentais de uma sociedade pujante e evoluída.
Uma maior interação com a Natureza é a chave para um futuro melhor!
Finalista do Mestrado em Ecologia