Marisa Costa

A PAC e a captação de jovens para o setor agrícola: mudam-se os tempos, reforçam-se as vontades! – Marisa Costa

Vivemos tempos exigentes e difíceis e o setor agrícola mostrou uma vez mais ser resiliente e fundamental para o país. Ficou mais que evidente que a Política Agrícola Comum (PAC) é estratégica e basilar não só para agricultores, mas para os consumidores e população em geral. Com as verbas disponibilizadas pela PAC as explorações agrícolas têm-se modernizado, tornando-se mais produtivas, criando mecanismos para minimizar os impactos ambientais, preservando a biodiversidade e promovendo a sustentabilidade.

Os projetos de investimento permitem criar maior vantagem competitiva, possibilitam produzir mais e a menor custo, garantindo ao consumidor produtos alimentares em quantidade e de elevada qualidade a bons preços.

Não havia margem para dúvidas, mas a pandemia reforçou a convicção que investir no setor agrícola é fundamental não só para Portugal, mas para todos os estados membros da UE. Todos sabemos que em Portugal assim como na UE o setor agrícola é um setor envelhecido. Os dados mostram que apenas 11% das explorações agrícolas europeias são geridas por pessoas com menos de 40 anos e que menos de 2,4% das explorações são geridas por jovens com menos de 34 anos. Sabe-se também que o setor agrícola europeu emprega cerca de 22 milhões de pessoas.

Garantir um preço justo pago à produção, promover projetos de cooperação europeus nos campos da ciência, inovação e tecnologia, assim como repensar os apoios (nomeadamente na aquisição de terras), desenvolver programas de formação individualizados a cada atividade serão algumas das estratégias para captar jovens e reverter o envelhecimento na agricultura.

Repensar a PAC é decisivo para o desenvolvimento do mundo rural nacional e europeu.

Portugal deve deixar de ser mero consumidor da PAC e ter a capacidade de planear e antecipar. Quanto é que Portugal precisa? O que pretendemos para a agricultura portuguesa? No seio do setor agrícola quais são as atividades que têm maior capacidade de exportação? Temos que perceber que mais que executores de fundos, SOMOS GESTORES DE FUNDOS. O país deve ter um papel pró-ativo a delinear a política agrícola, dando ênfase aos setores estratégicos portugueses. É fundamental que crie sinergias com países com as mesmas necessidades com o objetivo de ter mais poder de negociação, a fim de se procurar obter a autossuficiência alimentar.

O setor da produção de leite será certamente um dos setores estratégicos a apostar, pois além de ser necessário apostar na modernização das explorações é fundamental não descurar na inovação e desenvolvimento de novos produtos (o mercado nacional é bastante deficitário em iogurtes e queijos, pelo que é necessário desenvolver projetos para que a indústria nacional seja mais competitiva a este nível) e apoio a projetos relacionados com o marketing e comunicação agrícola.

Não tenho dúvidas que o futuro do país, depende da agricultura e do seu carácter multifuncional, pois além de produzir alimentos, diminui a desertificação, é modelador da paisagem, potência o turismo (o Douro vinhateiro é um excelente exemplo).

Não haverá futuro se não cuidarmos do presente! Precisamos de instituições fortes e comprometidas com o desenvolvimento da agricultura sem nunca esquecer que o produtor é o verdadeiro herói!

Marisa Costa

Vice–Presidente da APROLEP

http://rss.agroportal.pt/coronavirus-um-convite-a-mudanca-de-habitos-marisa-costa/

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