Os dados são da batata, mas podiam ser de qualquer hortícola: os agricultores estão a perder margem há (pelo menos) 10 anos. Parte deste calvário foi corrigida com aumentos de produtividade, mas a pressão faz-se sentir. E se a situação era difícil até 2019, com a covid e a guerra na Ucrânia a situação tornou-se insustentável. Já há manifestações relevantes (pelo menos na zona do Oeste).
Acredito que a agricultura tem um papel a desempenhar na economia e que as culturas não devem ser destruídas por falta de visão dos diferentes agentes no mercado, empenho político e, sobretudo, abuso de mercado.
Vamos aos números.
O preço da batata, de acordo com os dados do INE, tem-se mantido constante desde, pelo menos, 2010. Todos sabemos que há sempre um ajuste nos preços de venda – tal não aconteceu aos produtores de batata. A batata no produtor foi vendida a 25 cêntimos o quilo em 2011; o mesmo preço verificado em 2021. Sentiu alguma diferença no supermercado ou mercearia? Acha que as batatas estão mais caras nestes 10 anos? Pois… Os produtores estão a receber o mesmo. Há uma década.
Se o preço da batata se tem mantido anualmente na mesma, os custos têm estado sempre a subir. O Instituto Nacional de Estatística, além do índice de preços no consumidor, que mede a inflação que sentimos em nossas casas, tem um índice muito específico para a agricultura: o índice de preços dos meios de produção na agricultura. Este índice […]