De Norte a Sul do país a mosca-da-azeitona (Bactrocera oleae) conduz a vários prejuízos nos novos e já existentes olivais.
Pertencendo à ordem Diptera, este inseto é especialmente determinante em zonas litorais de clima Mediterrânico. Contudo, face às alterações climáticas que têm sido motivo de preocupação nos últimos anos, é expectável que os níveis populacionais deste inseto possam sofrer alterações na sua área de influência.
O inseto adulto (Fig. 1) caracteriza-se por ser uma pequena mosca de corpo fino, cor acastanhada, asas transparentes e com um pequeno escudo branco entre o abdómen e o tórax.
É uma das pragas com maior importância económica em todo o olival português, cujo impacto na cultura pode causar prejuízos bastante negativos (Fig. 2). Desses prejuízos destacam-se dois tipos de danos: danos quantitativos, relacionados pela alimentação da larva no interior da azeitona, que afeta o seu desenvolvimento e promove a sua queda prematura e danos qualitativos, devido às galerias feitas pela larva (Fig. 3), que facilitam a colonização de fungos e bactérias que afetam a qualidade do azeite, aumentando o índice de peróxidos e a sua acidez, provocando a sua depreciação. É sobretudo a partir do verão que as fêmeas iniciam a postura, podendo ter várias gerações por ano, sendo a sua atividade favorecida em verões húmidos e frescos e outonos suaves.
Já o contrário, verões quentes e secos potenciam a mortalidade das larvas dentro da azeitona, assim como outonos chuvosos condicionam o voo dos insetos adultos. Os sintomas mais comuns de encontrar são as zonas escurecidas e alterações da pele e o possível orifício da saída da larva (Fig. 4). Isto acontece, quando se dá a lenhificação do caroço e aumento de volume da azeitona. Os Olivais abandonados são uns dos grandes hospedeiros desta praga. A larva (Fig. 5) pode passar o inverno em forma de pupa, na terra e até dentro de algumas azeitonas.
Nesta fase, são altamente suscetíveis aos predadores, como é exemplo do tordo-comum (Turdus philomelos), uma ave migratória que ocorre no território português essencialmente no período de outono/inverno, que se alimenta dos frutos maduros atacados ou diretamente do inseto que se enterra no solo e passa o inverno na sua forma hibernante. De forma a determinar com maior segurança e rigor da necessidade de posicionar qualquer tipo de intervenção, deverão instalar-se armadilhas para monitorização do voo dos insetos adultos. Proceder à estimativa do risco, relacionar com o nível económico de ataque e proceder a uma medida de combate que ajude a controlar o ataque da praga, antes que a população da mesma atinja o nível prejudicial de ataque.
Autoria: Bruno Silva Bento | Eng.º Agrónomo Técnico de Campo Sénior
- Fotos: Bruno Bento, Angel Sánchez