A agricultura mundial enfrenta um desafio enorme: prevê-se que a população mundial aumente de 7.800 milhões de individuos, estimados em 2018, para 9.600 milhões, projetados (pela FAO) para 2050, o que implicará um aumento considerável da procura de alimentos.
A dificuldade disto por si só é clara, mas as alterações climáticas ainda acrescentam maior complexidade nas respostas ao desafio: a disponibilidade de recursos naturais, como a água doce e as terras aráveis produtivas, é cada vez mais limitada. Por isso, produzir mais alimentos, num contexto de menor acesso aos bens que a terra nos dá, respeitando, simultaneamente, a natureza, é o grande desafio do nosso tempo.
O papel da digitalização
A tecnologia desempenhará – já está a desempenhar, de facto – um papel essencial nesta transformação. Os avanços digitais “podem ser parte da solução”, assegura a FAO. O setor agroalimentar mundial está cada vez mais aberto à utilização de tecnologias móveis, robótica, serviços de deteção remota, etc.
Cada vez mais agricultores e produtores pecuários conhecem termos como blockchain, Internet das Coisas (IoT) ou inteligência artificial. Graças a um maior acesso à rede, o produtor está mais informado, acumula mais dados sobre os mercados, o financiamento e, em última análise, está mais bem preparado para gerir a sua exploração ou a sua cultura na agricultura do futuro.
Exemplos de aplicação de tecnologias digitais na agricultura
A “agricultura digital” é um enorme chapéu sob o qual se encontram várias formas de aplicar tecnologias digitais no terreno. A Agrotech Espanha (a Associação Espanhola para a Digitalização da Agricultura, do Agroalimentar, da Pecuária, das Pescas e das Zonas Rurais), que agrega empresas espanholas de perfil tecnológico que introduzem tecnologias digitais em empresas e entidades do mundo agrícola, abarcando os quatro elos da cadeia agroalimentar (produção, transformação, comercialização e distribuição), distingue dois tipos de tecnologias: as que captam os dados e as que os analisam.
No primeiro grupo incluem-se as apps para uso agrícola ou pecuário, sensores, satélites, mapas, sistemas de planeamento de recursos empresariais (ERP), agricultura de precisão, drones, robôs agrícolas, tecnologia blockchain, a gestão de riscos, o desenvolvimento tecnológico personalizado, a Internet das Coisas (IoT) e até mesmo os marketplaces e lojas online, entre muitas outras.
Do segundo grupo fazem parte termos como Big Data, Machine Learning, Deep Learning, analítica, Business Intelligence, inteligência artificial, realidade virtual ou realidade aumentada.
Descrever em detalhe cada uma destas inovações mereceria artigos individualizados. Basta dizer que todas têm um objetivo comum: aumentar a rentabilidade dos profissionais do mundo agrícola.
“Num contexto em que aumentar os preços de venda é muito complicado, a rentabilidade implica inevitavelmente a redução de custos, o aumento da produção e a produtividade dos colaboradores”, sublinha a Agrotech Espanha.
Segundo esta associação “dependendo do tipo de tecnologia aplicada, as reduções de custos e inputs podem perfeitamente atingir, no caso da gestão da água, uma poupança de 70%, ou 40% na aplicação de produtos fitofarmacêuticos”. Assim, vemos que se conjugam várias realidades: a poupança económica, a redução da utilização de recursos naturais como a água e a manutenção do equilíbrio ambiental com uma utilização moderada de produtos potencialmente nocivos para o ecossistema.
Estas duas últimas tornaram-se ainda mais relevantes com as novas políticas comunitárias, como o Pacto Ecológico Europeu, com as suas estratégias “Do prado ao prato” e “Biodiversidade 2030”, e com as exigências da nova PAC. Todos elas implicam um aumento considerável dos requisitos em termos de sustentabilidade ambiental, como já abordámos em muitas ocasiões neste blog. E não há dúvidas de que todas elas serão alcançadas única e exclusivamente através da implementação de novas tecnologias e da digitalização na agricultura.
A visão da Syngenta
A Syngenta apoia firmemente o posicionamento da digitalização como uma das transformações mais impactantes e necessárias na história da agricultura.
De acordo com o Digital Agricultural Manager da Syngenta, Alejandro Stewart, o uso de dados é uma peça-chave para tomar melhores decisões agronómicas. O acesso a mais e melhores fontes de informação permitirá ao agricultor ter uma visão mais precisa do que se passa na sua exploração e, assim, poder ter um melhor controlo e ser mais eficiente na tomada de decisões.
É por isso que na Syngenta acreditamos que, ao adotar ferramentas digitais que permitam monitorizar e identificar o momento certo de aplicação ou prever qual será a incidência de uma praga ou doença, o agricultor será capaz de otimizar a utilização dos produtos fitofarmacêuticos, o que terá não só um impacto positivo na rentabilidade, como também o ajudará a reduzir o impacto ambiental da sua exploração.
O artigo foi publicado originalmente em Alimentar com inovação.