A “teoria – fraude” da “competitividade” – João Dinis

Já é velha esta teoria, a da “competitividade” e dos alegados “competitivos”.

Da nossa parte, e tal como essa teoria surge e faz caminho, temo-la classificado como uma “teoria-fraude”.

Vejamos pois…

Desde logo a “genética” do conceito (e da praxis inerente) enferma de uma poderosa perversão. Em qualquer tipo de “competição”, mesmo quando esta é “amigável”, haverá vencedores e vencidos. No caso, a dita-cuja é verdadeiramente “assassina”. Os “sucessos” dos (poucos) alegados “competitivos-vencedores” assentam sobre cadáveres de multidões dos alegados “não-competitivos”. Ou seja, em vez desta “competição-assassina”, deveríamos construir uma saudável cooperação. Só que o sistema vigente é intrinsecamente perverso e desumano…

Entretanto, acrescem os processos concretos da tal “competitividade”…

Naquilo que diz respeito, ao sector agro-rural, os alegados “competitivos” – os grandes proprietários absentistas, a grande agro-indústria e o grande agro-negócio – são os grandes beneficiários do sistema, constantemente contemplados, pelos sucessivos governos e governantes (em Portugal, na União Europeia e etc.), com rios e rios de dinheiros públicos e com benesses e privilégios institucionais de todos os tipos. E, enquanto alegam ser “competitivos”, esses mesmos “do costume” perfilam-se, sempre, para receberem ainda mais e mais apoios públicos…

Ao mesmo tempo, os alegados “não-competitivos”- os pequenos e médios Agricultores, a pequena e média agro-indústria – recebem umas “migalhas” do erário público e acabam é por pagar/contribuir para proveito da escassa minoria dos alegados “competitivos”. E tantos deles continuam a trabalhar e a produzir em condições tão adversas ! Afinal, quem é genuinamente competitivo ?

Para desmontar melhor a “teoria-fraude” em análise, temos agora os processos escandalosos da “fina-flor” dos alegados “competitivos”, os detentores do sistema financeiro e de alguns sectores da grande indústria como a automóvel.

Como é sabido, sobretudo o sistema financeiro – com os seus banqueiros arrogantes e vigaristas e outros especuladores – está a absorver quantidades astronómicas de dinheiros e de outros favores públicos. É um verdadeiro “buraco-negro” do erário público que nós, os alegados “não-competitivos”, estamos a alimentar com sangue, suor e lágrimas! E, ao que parece, afinal nem assim conseguem ser muito “competitivos” porque afinal, acima deles, há os super-bancos, os super-vigaristas, os super-poderosos…

Entretanto, os Povos sofrem, mas também resistem e lutam !

Cuidado com a “competitividade” Senhor Presidente da República…

Por cá, o Presidente da República teorizou recentemente sobre os benefícios (na sua opinião) da “competitividade” no sector Agrícola.

E, a propósito, até recomendou que ouvíssemos aquilo que sobre Portugal, nesta matéria, dizem alguns “teóricos” de outros países assim como se procurasse uma espécie de “certificação estrangeirada” para a sua própria teoria…

Sem estarmos agora a desmontar os “sucessos” conseguidos na “competitiva” óptica Presidencial, sempre diremos que a realidade passa mas é, e muito, pela ruína da Agricultura Familiar e do Mundo Rural Português. Essa ruína real é consequência das teorias e das políticas concretas que o actual Presidente da República – mormente enquanto foi Primeiro-Ministro – protagonizou a um nível “de topo”.

Teremos até que relembrar, a propósito, o caso do grande sucesso “competitivo” que ele próprio como Primeiro – Ministro, nos idos 1991/92 mais destacou à época :- o caso da “competitiva” exploração (Brejão – Odemira) de um tal Thierry Roussel, já então conhecido como pouco fiável personagem que “só” com essa exploração “exemplar” – como à época, lá mesmo no local, foi classificada pelo actual Presidente da República então Primeiro-Ministro – que “só” com essa exploração, dizíamos, de facto espoliou o erário público de umas centenas de milhar de contos, que, agora, dariam uns largos milhões de Euros !

Portanto, sim, a teoria oficial da “competitividade” é uma “teoria-fraude” que provoca sofrimento e danos colossais!

Sim, é necessário substituí-la pela teoria – e pela praxis – da cooperação !

João Dinis

Grandes cortes no Orçamento de Estado 2013, e outros mais – João Dinis


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