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Acordo de Glasgow “ficou aquém”, mas há avanços importantes

Países como a China e a Índia, dois dos maiores produtores de carbono do mundo, faltaram à chamada na conferência do clima, que, apesar dos percalços, conseguiu reunir consenso sobre a proteção das florestas.

Envolta em críticas de cientistas, políticos, ativistas e, de forma geral, da sociedade global, a cimeira do clima de Glasgow (COP26) conseguiu que 190 países assinassem o Pacto do Clima de Glasgow, que guarda compromissos “importantes”. “Esta última COP não deixou margens para dúvidas sobre o impacto das alterações climáticas”, começou por felicitar Luísa Schmidt, que considera fundamental a discussão em praça pública deste tema. A socióloga no Instituto das Ciências Sociais e especialista na matéria foi uma das oradoras do debate “O impacto das alterações climáticas em Portugal”, organizado nesta quarta-feira por DN/JN/TSF com apoio da Tabaqueira.

Schmidt acredita que, apesar de o acordo ter “ficado muito aquém do desejável”, estas são oportunidades para trazer o assunto para cima da mesa e pressionar os governos internacionais. “Os movimentos cívicos, que são cada vez mais importantes, são os watch dogs dos políticos e dos interesses económicos”, afirma. Na lista de falhas que aponta aos participantes, a perita diz que “as questões norte/sul” foram uma desilusão, já que falta aos países ricos e que mais contribuem para as emissões de CO2 assumir responsabilidade nos efeitos negativos que recaem sobre os países mais pobres. “Falta geografia moral”, nota.

Já Teresa Andresen vê a “ausência de países como a China como uma grande desilusão porque nos coloca numa posição mais frágil” e torna o documento assinado menos eficaz. O desafio passa, defende, não apenas por encontrar alternativas às fontes de energia fóssil, como também pela alteração “dos nossos hábitos de consumo diários” que precisa de cada um dos cidadãos para conseguir motivar uma mudança estrutural. “O difícil é passar destas decisões de grande nível para cada um de nós”, observa a arquiteta paisagista.

“As decisões que tomamos no dia a dia influem aquilo que acontece na realidade”, concorda Nuno Banza, que aplaude “a importância que, finalmente, a floresta começa a ter”. Para o presidente do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), o registo de queimas e queimadas recém-criado conseguiu, em 2019, meio milhão de registos e, já em 2021, mais de um milhão de ações comunicadas à instituição. “Existe mais de um milhão de queimas e queimadas por ano, um número surpreendente”, aponta. Nuno Banza vê neste mecanismo mais uma forma de contribuir para a prevenção dos incêndios florestais, que acontecem, diz, porque não há “pessoas para gerir a paisagem que cresce todos os dias”.

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